11 de dezembro de 2013

Tome consciência do êxtase


A mente em geral está consciente da dor, mas nunca do êxtase. Se você tem dor de cabeça, está consciente dela. Se não tem dor de cabeça, não se dá conta do bem-estar. Quando o corpo dói, fica consciente dele, mas, quando o corpo está perfeitamente saudável, você não tem consciência da sua saúde.

Essa é a causa básica que faz com que você se sinta tão infeliz: toda a nossa consciência está concentrada na dor. Nós só contamos os espinhos - nunca olhamos para as flores. De algum modo, escolhemos os espinhos e ignoramos as flores. Por uma razão biológica, a natureza fez com que você tivesse consciência da dor para poder evitá-la. De outro modo, sua mão podia ser queimada sem que notasse, seria difícil sobreviver. A natureza, no entanto, não tem qualquer sistema para deixá-lo consciente do prazer, da alegria, da bem-aventurança. Isso tem que ser aprendido, tem que ser praticado. Trata-se de uma arte.

Deste momento em diante, procure ficar consciente das coisas que não são naturais. Por exemplo, seu corpo está saudável: sente-se silenciosamente e tome consciência dele. Sinta o bem-estar. Não há nada de errado com você - aproveite! Faça um esforço deliberado para ter percepção disso. Você se alimentou bem e o seu corpo está satisfeito, saciado: tome consciência disso.

Quando você está com fome, a natureza o deixa consciente disso, mas não tem um sistema para deixá-lo consciente quando está saciado, é algo que tem de ser desenvolvido. A natureza precisa aprimorar essa capacidade porque a sobrevivência é tudo o que tem em vista - qualquer coisa além disso é luxo. A felicidade é um luxo, o maior luxo que existe.

Observo que é isso que faz com que as pessoas sejam tão infelizes - na verdade, não são tão infelizes quanto parecem. Têm muitos momentos de grande alegria, mas esses momentos passam em branco, pois elas nunca tomam consciência deles. A memória das pessoas está sempre cheia de dor e de feridas. A mente, sempre cheia de pesadelos. Num período de 24 horas acontecem milhares de coisas pelas quais você daria graças a Deus, mas sequer se dá conta delas!

Você precisa começar a fazer isso a partir de agora. Ficará surpreso ao ver que a alegria aumentará dia após dia, enquanto a dor e a tristeza diminuirão proporcionalmente, até chegar o dia em que a vida será quase uma celebração. A dor só surgirá de vez em quando e fará parte do jogo. Você não ficará abalado nem perturbado, apenas aceitará.

Se você aprecia a sensação de saciedade que surge depois que come, sabe que a fome provoca uma leve dor... e isso é bom. Se teve uma boa noite de sono e pela manhã se sentiu vivo e revigorado, sabe que, se passar uma noite sem dormir, sentirá um leve mal-estar, mas isso também faz parte do jogo.

Sei por experiência própria que a vida consiste em 99% de alegria e 1% de dor. Contudo, a vida das pessoas consiste em 99% de dor e 1% de alegria - está tudo invertido.

Fique cada vez mais consciente do prazer, da felicidade, do positivo, das flores, dos pequenos raios de sol em meio às nuvens negras.

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Osho, em "Corpo e Mente em Equilíbrio"

26 de novembro de 2013

A acusação e a culpa



“Satã”, em hebraico, significa “o acusador, o caluniador”.

O diabo quer nos persuadir de que “a causa do mal” é sempre uma pessoa. Mas o diabo é a única causa do mal, uma causa que, justamente, não é ninguém, senão um mecanismo impessoal e enganoso que nos ilude, fazendo-nos crer que há sempre um culpado.

A origem de determinado sofrimento é uma série indefinida de atos mentais, verbais e físicos, sem falar da forma como milhares de pessoas, inclusive nós mesmos, se deixa afetar por esses atos e suas conseqüências. Então, a origem do sofrimento está por toda parte distribuída no tempo e no espaço.

A origem do sofrimento está em uma porção indefinida de atos e na forma como esses atos são transmitidos, traduzidos, transformados e recebidos. A origem do sofrimento não pode ser uma pessoa.

um erro pretender que uma pessoa seja a causa ou a origem de um sofrimento. Justamente o tipo de erro que só traz mais sofrimento, porque faz com que as pessoas detestem umas às outras (e o ódio é um sofrimento) e que se odeiem a si mesmas.

Quem se sente culpado pensa: “Eu sou a origem do mal. Meu ser é a origem do mal. Alguém sofre e eu sou a razão desse sofrimento”, ou então: “Transgredi o interdito, desobedeci, sou mau”. O sentimento de culpa é sempre uma depreciação, uma desvalorização do ser. É uma emoção triste, um ódio de si mesmo. Quando nos sentimos culpados, nos diminuímos, ficamos infelizes, sofremos, aumentamos nosso sofrimento.

O sentimento de culpa é uma acusação de si mesmo. Acusação e culpa são exatamente simétricas e vêm da mesma doença, da mesma obra do demônio.

A pessoa tomada pelo sentimento de culpa constrói em torno de si um mundo acusador ou um clima que leva os seres a se denunciarem, atribuindo a si mesmos a causa do mal... o que aumenta ainda mais o mal.

O sentimento de culpa, convencendo-nos de que merecemos o mal, nos faz perder as defesas e deixa o mal crescer às nossas custas. A acusação, fazendo-nos crer que o outro merece sofrer, deixa-nos anestesiados para o mal que cometemos.

Pergunta: você diz que é preciso se libertar da culpa. Que assim seja. Mas se as pessoas não se sentirem mais culpadas, será que vão parar de cometer o mal?

Resposta: por que o ser humano se aproveita de outro, usa-o como instrumento e o faz sofrer? Por prazer, poder, riqueza, consideração, ou por inveja, ciúme, orgulho, arrogância, etc. Em suma, cometemos o mal para alimentar o ego. Se as pessoas se amassem e se apreciassem por um direito hereditário inalienável, não se sentiriam mais tentadas a cometer tais atos, pois não teriam nenhuma dúvida
de que já têm e são tudo. O julgamento, seja para o bem ou para o mal, a acusação e a culpa são os principais fatores da insatisfação, do ódio de si e da vaidade do ego. São eles que desencadeiam as más ações. Para que as pessoas não cometam atos destrutivos, devem estar em contato com sua inesgotável riqueza interior, com a generosidade infinita de Deus, com sua própria força. Mas a culpa nos separa dela. A culpa então é um dos fatores que leva o ser humano a cometer o mal.

Toda exaltação da culpa, toda acusação, todo julgamento inferioriza o ser humano, escraviza-o, separando-o para sempre da força que, no entanto, o habita.

Os sábios, os santos, os seres alertas, completamente livres do ego e de toda limitação, superam a culpa e desprezam o recurso da acusação. Sua bondade radiante sustenta o mundo. Mais vale investir em um povo de seres alertas do que em um rebanho de seres escravizados. E o que fizemos até agora? Com que resultado?

Não acusemos, não julguemos, não condenemos. Toda essa história de bem e de mal só fomenta o círculo vicioso do sofrimento. Exerçamos, ao contrário, nossa capacidade de discernir o que nos faz sofrer ou não. É nesse quase nada que está quase tudo: a diferença entre a sabedoria discriminante e o julgamento.

Se vocês não são muito fortes, não deixem que as pessoas imersas no turbilhão auto-sustentado do sofrimento entrem em sua vida. Não deixem que elas tenham a menor influência sobre vocês. Recusem seu poder. Mas não as acusem. Elas são inocentes. Mesmo calculadoras, intrigantes e deliberadamente ardilosas, elas são inconscientes. Presas na mecânica da acusação e da manipulação, insensíveis a seu próprio sofrimento e ao dos outros, anestesiadas, elas se destroem. Mas não são “culpadas”.

Ê impossível nos conhecer e nos tornar quem somos, acreditando que somos (nosso si ou o de um outro, tanto faz) a causa do mal. Não se trata de um ato de fé, mas de uma experiência direta: devemos perceber distintamente tanto nossa completa inocência como a de todos os seres.

Ninguém é malvado, ninguém é culpado. Algumas almas, porém, estão quase totalmente recobertas por anjos parasitas que as sufocam, desviando em seu próprio benefício a energia divina, que é a essência da alma. Esses anjos parasitas são o ódio, a cobiça, a inveja, a arrogância, o medo, a preguiça, a culpa...

Todo ser é divino. Todos somos inocentes. Pobres de nós que um turbilhão de pensamentos, palavras e atos apoderou-se de tal modo de nosso ser que não conseguimos mais sair de um sistema auto-sustentado de sofrimento e de provocação de sofrimento.

Os anjos maus, ou demônios, são círculos viciosos emotivos, sentimentos que criam na alma um vício que os alimenta, armadilhas de sofrimento, mecanismos impessoais que alienam a liberdade humana e ocultam a luz.

Vivamos cada segundo com o sentimento vivo e pleno de nossa total inocência, assim como da inocência de todo ser humano.

Estamos no mundo para ter pena, cuidar, ajudar, isolar talvez, mas não para acusar.

Ninguém é malvado. Não há senão almas doentes.

Como tendência impessoal, o sentimento de culpa é um fator de sofrimento que deve, portanto, ser evitado. Não atribua culpa a você, nem aos outros. Desenvolva, ao contrário, o sentimento de responsabilidade. Sim, temos capacidade de romper o encadeamento das causas e dos efeitos. Sim, contribuímos para construir o mundo em que vivemos e podemos assim, na medida do possível, torná-lo mais belo, mais alegre, mais pacífico. Evitando, em especial, fomentar a acusação e a culpa.

Não há erro, julgamento, nem punição dos culpados. Simplesmente, os pensamentos, as palavras e os atos têm conseqüências.

Se as almas não fossem sempre puras e inocentes (mesmo quando sufocadas e obscurecidas pelos parasitas impessoais do mal), jamais seríamos capazes de perdoar. Recusar o perdão é deixar o ressentimento se incrustar na alma; é deixar-se sofrer ainda mais.

Aquele que perdoa é o primeiro beneficiário do perdão.

Um amigo que fora durante dez anos discípulo de Rav Kook, um dos principais mestres espirituais do judaísmo no século XX, me disse: “Em dez anos, nunca o ouvi falar mal de ninguém”.

Toda maledicência é uma blasfêmia, porque todos os nomes são nomes de Deus.

O maledicente, a maledicente têm um revólver na boca.

Extermine essa obsessão da crítica e da acusação que impede de escutar e compreender.

Só julgamos porque tememos sentir.

A crítica, ou melhor, a acusação, ou melhor ainda, o ódio, quase sempre quer fazer-se passar pela inteligência, sinceridade ou pela justiça.

Ressentimento, culpa e acusação são obras do demônio. Por trás de suas menores acusações, o “Grande Acusador” nos faz esquecer da essência divina.

A acusação e a culpa, duas faces do mesmo sofrimento, caluniam o ser profundo, o si, que é pura existência, luz, inocência.

O grande Acusador reina no mundo. Qualquer crítica, qualquer sentimento de culpa reforça seu poder.

Sua menor acusação adensa a obscuridade do mundo.

Sofrer é fazer Deus sofrer. Deus sofre ainda mais quando nos fazemos sofrer com a idéia de seu julgamento, de sua severidade. Seu desejo é que paremos de nos torturar com o julgamento. Cada vez que nos condenamos, é Ele que julgamos.

Deus jamais se satisfaz com um sofrimento que o atinge por excelência.
                                                                                            Raphaèl Cohen

A impossibilidade de se libertar dos mecanismos que provocam o sofrimento e a culpa que se segue são diabólicas.

A liberdade, a responsabilidade e a inocência são divinas.

Nem Deus nem o Diabo existem. A acusação, a culpa, o ressentimento e a ingratidão produzem o demônio. A paz, a inocência, a gratidão e o amor geram o divino.

O sarcasmo, a ironia, a crítica, a reprovação, a difamação, o desprezo, a maledicência aumentam o sofrimento, eis o mais fácil, eis a maior queda. É justamente porque ver as coisas tais como são, sob a luz implacável e panorâmica da sabedoria discriminante, que o ser nobre agradece, louva, aprecia, não aumenta o sofrimento.

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O Fogo Liberador - Pierre Lèvy

22 de novembro de 2013

15 coisas que você precisa abandonar para ser feliz


1. Desista da sua necessidade de estar sempre certo

Há tantos de nós que não podem suportar a ideia de estarem errados – querem ter sempre razão – mesmo correndo o risco de acabar com grandes relacionamentos ou causar estresse e dor, para nós e para os outros. E não vale a pena, mesmo. Sempre que você sentir essa necessidade “urgente” de começar uma briga sobre quem está certo e quem está errado, pergunte a si mesmo: “Eu prefiro estar certo ou ser gentil?” (Wayne Dyer) Que diferença fará? Seu ego é mesmo tão grande assim?

2. Desista da sua necessidade de controle

Estar disposto a abandonar a sua necessidade de estar sempre no controle de tudo o que acontece a você e ao seu redor – situações, eventos, pessoas, etc. Sendo eles entes queridos, colegas de trabalho ou apenas estranhos que você conheceu na rua – deixe que eles sejam. Deixe que tudo e todos sejam exatamente o que são e você verá como isso irá o fazer se sentir melhor.

“Ao abrir mão, tudo é feito. O mundo é ganho por quem se desapega, mas é necessário você tentar e tentar. O mundo está além da vitória.” Lao Tzu

3. Pare de culpar os outros

Desista desse desejo de culpar as outras pessoas pelo que você tem ou não, pelo que você sente ou deixa de sentir. Pare de abrir mão do seu poder e comece a se responsabilizar pela sua vida.

4. Abandone as conversinhas auto-destrutivas

Quantas pessoas estão se machucando por causa da sua mentalidade negativa, poluída e repetidamente derrotista? Não acredite em tudo o que a sua mente está te dizendo – especialmente, se é algo pessimista. Você é melhor do que isso.

“A mente é um instrumento soberbo, se usado corretamente. Usado de forma errada, contudo, torna-se muito destrutiva.” Eckhart Tolle

5. Deixe de lado as crenças limitadoras sobre quem você pode ou não ser, sobre o que é possível e o que é impossível. De agora em diante, não está mais permitido deixar que as suas crenças restritivas te deixem empacado no lugar errado. Abra as asas e voe!

“Uma crença não é uma ideia realizada pela mente, é uma ideia que segura a mente.” Elly Roselle

6. Pare de reclamar

Desista da sua necessidade constante de reclamar daquelas várias, várias, váaaarias coisas – pessoas, momentos, situações que te deixam infeliz ou depressivo. Ninguém pode te deixar infeliz, nenhuma situação pode te deixar triste ou na pior, a não ser que você permita. Não é a situação que libera esses sentimentos em você, mas como você escolhe encará-la. Nunca subestime o poder do pensamento positivo.

7. Esqueça o luxo de criticar

Desista do hábito de criticar coisas, eventos ou pessoas que são diferentes de você. Nós somos todos diferentes e, ainda assim, somos todos iguais. Todos nós queremos ser felizes, queremos amar e ser amados e ser sempre entendidos. Nós todos queremos algo e algo é desejado por todos nós.

8. Desista da sua necessidade de impressionar os outros

Pare de tentar tanto ser algo que você não é só para que os outros gostem de você. Não funciona dessa maneira. No momento em que você pára de tentar com tanto afinco ser algo que você não é, no instante em que você tira todas as máscaras e aceita quem realmente é, vai descobrir que as pessoas serão atraídas por você – sem esforço algum.

9. Abra mão da sua resistência à mudança

Mudar é bom. Mudar é o que vai te ajudar a ir de A a B. Mudar vai melhorar a sua vida e também as vidas de quem vive ao seu redor. Siga a sua felicidade, abrace a mudança – não resista a ela.

“Siga a sua felicidade e o mundo abrirá portas para você onde antes só havia paredes” Joseph Campbell

10. Esqueça os rótulos

Pare de rotular aquelas pessoas, coisas e situações que você não entende como se fossem esquisitas ou diferentes e tente abrir a sua mente, pouco a pouco. Mentes só funcionam quando abertas.

“A mais extrema forma da ignorância é quando você rejeita algo sobre o que você não sabe nada” Wayne Dyer

11. Abandone os seus medos

Medo é só uma ilusão, não existe – você que inventou. Está tudo em sua cabeça. Corrija o seu interior e, no exterior, as coisas vão se encaixar.

“A única coisa de que você deve ter medo é do próprio medo” Franklin D. Roosevelt

12. Desista de suas desculpas

Mande que arrumem as malas e diga que estão demitidas. Você não precisa mais delas. Muitas vezes nos limitamos por causa das muitas desculpas que usamos. Ao invés de crescer e trabalhar para melhorar a nós mesmos e nossas vidas, ficamos presos, mentindo para nós mesmos, usando todo tipo de desculpas – desculpas que, 99,9% das vezes, não são nem reais.

13. Deixe o passado no passado

Eu sei, eu sei. É difícil. Especialmente quando o passado parece bem melhor do que o presente e o futuro parece tão assustador, mas você tem que levar em consideração o fato de que o presente é tudo que você tem e tudo o que você vai ter. O passado que você está desejando – o passado com o qual você agora sonha – foi ignorado por você quando era presente. Pare de se iludir. Esteja presente em tudo que você faz e aproveite a vida. Afinal, a vida é uma viagem e não um destino. Enxergue o futuro com clareza, prepare-se, mas sempre esteja presente no agora.

14. Desapegue do apego

Este é um conceito que, para a maioria de nós é bem difícil de entender. E eu tenho que confessar que para mim também era – ainda é -, mas não é algo impossível. Você melhora a cada dia com tempo e prática. No momento em que você se desapegar de todas as coisas, (e isso não significa desistir do seu amor por elas – afinal, o amor e o apego não têm nada a ver um com o outro; o apego vem de um lugar de medo, enquanto o amor… bem, o verdadeiro amor é puro, gentil e altruísta, onde há amor não pode haver medo e, por causa disso, o apego e o amor não podem coexistir), você irá se acalmar e se virá a se tornar tolerante, amável e sereno… Você vai alcançar um estado que te permita compreender todas as coisas, sem sequer tentar. Um estado além das palavras.

15. Pare de viver a sua vida segundo as expectativas das outras pessoas

Pessoas demais estão vivendo uma vida que não é delas. Elas vivem suas vidas de acordo com o que outras pessoas pensam que é o melhor para elas, elas vivem as próprias vidas de acordo com o que os pais pensam que é o melhor para elas, ou o que seus amigos, inimigos, professores, o governo e até a mídia pensa que é o melhor para elas. Elas ignoram suas vozes interiores, suas intuições. Estão tão ocupadas agradando todo mundo, vivendo as suas expectativas, que perdem o controle das próprias vidas. Isso faz com que esqueçam o que as faz feliz, o que elas querem e o que precisam – e, um dia, esquecem também delas mesmas. Você tem a sua vida – essa vida agora – você deve vivê-la, dominá-la e, especialmente, não deixar que as opiniões dos outros te distraiam do seu caminho.

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Texto Original World Observer Online
Pensamento Guia

30 de outubro de 2013

A irritação


A cólera é uma breve loucura.
                                   Sêneca

A pessoa agressiva se sente agredida.

A pessoa irritada (colérica) é irritável (ultra-sensível, dolorosa, como uma pele irritada). A palavra “irritação” designa com muita propriedade e a um só tempo a cólera e o sofrimento.

A pessoa agressiva não pensa: “Eu sou agressivo”. Ela não sente sua própria agressividade, mas, em compensação, sente com grande intensidade a agressão do outro. É muito vulnerável.

A pessoa agressiva se sente agredida, isto é, mal-amada. Tem necessidade de ser amada, quer ser amada, acredita que seu direito de ser amada lhe é negado.

Por trás de toda agressão, esteja ela armada de conceitos e justificações, jaz a imensa angústia, a dor no coração da criança cujos choros não foram acolhidos. Encontre essa verdade em si mesmo.

A pessoa que se ama não tem “necessidade de ser amada”, reconhecida, valorizada, etc. O mundo não lhe recusa nada, não invade seu território. O mundo não lhe é agressivo a priori. Ela pode ser boa, generosa, amar de verdade.

O ódio é a tristeza acompanhada da idéia de uma causa externa.
                                                                                            Spinoza

A agressividade franca é sempre acompanhada do pensamento de que é o outro que nos agride. Quando sentimos nossa própria agressividade, é muito mais difícil ser agressivo.

Cada vez que você se sentir agredido ou ameaçado, observe atentamente o aspecto agressivo de seus próprios pensamentos e constate que ser agressivo e se sentir agredido são uma única e mesma coisa no espírito.

Por que, quando algo o deixa com raiva, você se prende a uma longa série de pensamentos de irritação em vez de um só?

Em vez de reagir com agressividade à agressão do outro, o indivíduo plenamente presente prova sua própria agressividade reativa. Assim, ele é capaz de sentir o outro que tem dentro de si, sentir o sofrimento, o sentimento que o outro tem de ser agredido. E exatamente o que ele próprio sente.

Por menor que seja o estado alerta de um indivíduo, ele é capaz de sentir em si o sofrimento daquele que agride. Então ele reage mais ao sofrimento de seu interlocutor do que à sua agressão.

O acusador se sente agredido sem sentir a própria agressividade. O agressor interpreta o mundo mais como hostil do que como sofredor. Tal interpretação o leva a fabricar um mundo efetivamente agressivo, já que a maioria de seus interlocutores tem uma reação agressiva à sua própria agressividade.

Só o sábio não reage. Ele sofre ao sentir o sofrimento do agressor: seu terror é ser preso na armadilha da hostilidade e não conseguir se desprender dela.

Um espelho que se reflete ao infinito em outro espelho, tal é a estrutura profunda da agressão.

O indivíduo alerta pode ter pensamentos agressivos, mas é capaz de reconhecê-los com clareza. Sabendo que são meros pensamentos, não se sente automaticamente obrigado a obedecê-los. E mais, o conhecimento que tem de seus próprios pensamentos de irritação permite-lhe compreender por empatia os pensamentos que o agressor emite em palavras ou em atos.

0 agressor, por sua vez, não vê seus próprios pensamentos. Não sabe se separar de suas emoções. Acha que o mundo hostil que projeta é real. Ao invés de se compadecer dos sofrimentos dos outros, imagina que são eles que se divertem com o seu, o que o deixa ainda mais raivoso. Então, embora seu primeiro movimento seja defensivo, ele se deleita com o sofrimento dos outros.

A virtude que permite controlar a irritação chama-se paciência.

A irritação é inevitável. Mas há duas maneiras de senti-la. Uma é acusando o outro por seu sofrimento e agredindo-o. A outra é reagindo à irritação com a benção do espaço e da compaixão:
— um espaço entre si e seus pensamentos; um espaço de respiração entre si e o outro, o espaço aberto pela ausência de reação; 
— compaixão por si mesmo, já que a irritação é um sofrimento; compaixão pelo outro já que sua raiva é uma dor.

Não há espaço sem compaixão, compaixão sem espaço.

Só quem se ama e se conhece pode amar e conhecer o outro e não mais agredir quando for agredido, encerrando assim o ciclo infernal da irritação.

O ignorante que não sabe se separar de seus pensamentos não é capaz de abrir espaço para a paz entre si e os outros. O espaço interno e o espaço externo têm exatamente a mesma natureza pacífica.

O ser consciente toma partido de cada irritação, desconforto, para progredir em seu autoconhecimento. Cada vez que sofre descobre uma nova zona de seu ego, um apego, uma imagem de si, um conceito (ilusório) do que as coisas deveriam ser.

O sofrimento é uma agressão a si mesmo. Toda agressão do outro é a contrapartida de um sofrimento do agressor. A agressão faz sofrer. A agressão sublinha a passagem do sofrimento.

A vítima e o carrasco queimam no mesmo inferno.

Sempre que você fica com raiva de alguém, cria um mundo de palavras duras, reprovações, cólera, sofrimento. Perde a indulgência que tem por si mesmo.

Sempre que fica com raiva, você se irrita contra uma projeção de seu próprio ego, uma pessoa ou uma situação que você forja. É o jogo de espelhos, a ilusão que o leva a lutar contra si mesmo.

Sempre que você fica com raiva, o orgulho, ou a cobiça, ou a irritação, ou a inveja, ou um veneno qualquer do espírito são estimulados em seu espírito. Você não deve responsabilizar uma pessoa de fora, mas tomar consciência de seu ponto fraco e observá-lo.

Só sofremos porque nos apegamos a algo. Mas podemos descobrir que aquilo a que nos apegamos é só um pensamento e que os pensamentos são como sonhos.

Nossa alma imóvel e luminosa projeta o mundo numa tela de ilusão.

Quando a raiva aumentar, lembre que você é o mundo e que, no fim das contas, é contra si mesmo que você está dirigindo sua raiva.

É a própria ignorância do vazio dos pensamentos que guia os dois representantes do sofrimento: a cobiça e a agressão.

É a própria inteligência do vazio que gera o espaço das relações pacíficas: o amor e a compaixão.

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O Fogo Liberador - Pierre Lèvy

22 de outubro de 2013

O sofrimento é só um pensamento


O segredo da felicidade está na escolha de nossos pensamentos, ou antes na direção de nossa atenção, a cada segundo.

A desventura vem do encadeamento automático e ininterrupto dos pensamentos infelizes.

A desventura consiste em julgar-nos felizes ou infelizes, em perguntar se somos felizes ou infelizes. Somos felizes quando vivemos no instante, em plena consciência, fora de qualquer julgamento.

Que o olho da consciência discriminante distinga sem descanso a ausência completa da “realidade objetiva” das causas de nossa dor e o caráter ilusório do próprio sofrimento: o encadeamento automático das emoções e dos pensamentos.

Primeiro pensamento: ela está fazendo barulho. Segundo pensamento: o fato de ela estar fazendo barulho me irrita. Terceiro pensamento: censuro-me por ficar irritado com o barulho que ela está fazendo pois devo amá-la. Quarto pensamento: censuro-me por me censurar, identifico-me com meus pensamentos e penetro no ódio que sinto por mim mesmo. O que nos faz mal não são nossos pensamentos e, sim, os julgamentos que deles fazemos; ou pior ainda, os julgamentos que fazemos de nossos julgamentos. Cortemos pela raiz as associações automáticas, as cadeias de pensamentos dolorosos e recuperemos desde já a simplicidade do instante.

Não podemos escolher nossos pensamentos, mas podemos decidir não acreditar neles. Culpar-se por um mau pensamento é aumentar o sofrimento. Será que somos responsáveis por nossos sonhos? Não. Mas se o pesadelo ficar insuportável, por que não acordar? Era só um pensamento.

Nossos pensamentos, nossas emoções: agitações de neurônios, secreções de hormônios. Nada de muito sólido. Por que então se fiar neles?

As emoções, tais como o ciúme ou certos fantasmas dolorosos, germinam como mato. Como extirpá-las? Como expulsar esses demônios devoradores? Como adquirir paz na alma? Basta lembrar que são meras ilusões formadas pelo espírito, um produto de seu pensamento. Poderíamos dirigir a atenção para outras representações ou nos abrir para o que nos oferecem os sentidos neste instante. Imaginando uma dor supostamente dos outros, ou comparando aquilo que é com aquilo que deveria ser, nos torturamos. Não paramos de produzir imagens, pensamentos, emoções que nos fazem sofrer. Somos, além disso, nossos próprios carrascos, carcereiros, nossos próprios ilusionistas e farsantes. As paredes e os instrumentos dessa câmara de tortura pessoal, que é às vezes nosso espírito, não passam de pensamentos, lembranças, temores, imaginações que não correspondem a nada de atual, nada de efetivamente presente aqui e agora.

É fácil dissolver a inveja. Lembre-se de que ninguém jamais possui um objeto. Vivemos todos instantes sucessivos. Não possuímos senão segundos de experiência que se esvaem tão logo vividos. A inveja, então, é, literalmente, sem objeto, já que a pessoa invejada não experimenta senão os segundos, um após o outro, tudo como você e como todo mundo. A única diferença entre os seres está na capacidade de aderir alegremente ao futuro. Reside na maior ou menor propensão a comparar constantemente nossa experiência com o que esperávamos que “ela devesse ser”. Ao invejar, produzimos do nada nosso próprio sofrimento. O sofrimento não surge porque não temos o que o outro possui (se fosse assim, seríamos necessariamente o tempo todo infelizes, já que há sempre alguém que possui algo que não temos). O sofrimento vem porque pensamos que ele ou ela tem aquilo que não temos.

Conseguimos aquilo que mais desejávamos e ainda assim continuamos sofrendo terrivelmente, seja pela lembrança de uma frustração anterior, pela idéia de que não conseguimos o objeto no momento em que começamos a desejá-lo, por todo o ressentimento, toda a dor que nos provocou a falta, pelo desejo insatisfeito, pela idéia de que parte de nossa vida esteve irremediavelmente privada do que mais precisávamos... ou pelo surgimento de um novo desejo. Mas, na realidade, o passado não existe e sofremos agora, quando o melhor a fazer é nos divertir. Toda essa infelicidade no passado está em nossa ausência, pois em vez de desfrutarmos do instante, abismamo-nos no desejo.

Ele tem o que eu não tenho. Eu tenho o que eles não têm. Ele é mais bonito, mais forte, mais feliz do que eu. Eles se divertem enquanto eu trabalho. Valho menos do que... Valho mais do que... Sou mais feliz do que... Sou mais inteligente do que... Sou melhor do que... Em cada um desses pensamentos, nossas almas se dilaceram. A comparação é a marca do diabo.

A comparação e a acumulação são reflexos íntimos do espírito. Sempre que estiverem em ação, lembremos que o instante presente é a única coisa que realmente existe e que não se presta a nenhuma das duas.

Temos sempre na cabeça uma vozinha, quase inaudível mas incansável, encarniçada, nos criticando e semeando a dúvida.

Passamos o tempo todo a nos minar insidiosamente. Não que não seja preciso nos examinar, prestar atenção em nossos atos e estados mentais, mas parece, justamente, que essa voz da crítica incessante escapa à atenção, o que lhe permite realizar mais facilmente sua obra de demolição. Ela escapa à atenção porque sou “eu” justamente que não paro de dizer à meia-voz “você não deveria... você fez mal... você deveria antes..., etc”. Essa voz maldita que se aloja no centro de nosso ser usurpa o lugar da alma, fazendo-se passar por ela. Mas sua natureza não é a da centelha e, sim, a de uma ducha de água fria, que nos assola. Transformamo-nos nessa ducha fria. E surpreendemo-nos de não mais encontrar o calor e a luz do fogo. Mas o Ego que está nas nossas costas e o Parasita que se hospeda em nosso peito empenham-se em querer apagá-la. Todos aqueles que nos criticam, nos culpam, nos desmoralizam se apoiam nessa voz que trai a voz interior. Pior: as circunstâncias e as pessoas que nos confundem traduzem essa voz no mundo “exterior”, materializam-na. Inútil fazê-la calar. Contentemo-nos com escutá-la distintamente e reconhecê-la pelo que ela é: nosso pesadelo inimigo. Ela perde o poder assim que é reconhecida.

Escute seu discurso íntimo. Que nobreza há em se cobrir de vergonha, em se justificar, em criticar os outros, em calcular seus efeitos? Abandone tudo isso e comece a se amar, a se amar exatamente como você é. Deixe o sofrimento.

Que atmosfera reina no seu íntimo? O ódio? A agressividade? O ciúme? O orgulho? O ressentimento? A falta? A voracidade? A cobiça? O medo? A culpa? A autocrítica? A auto-satisfação? A hipocrisia? O recalque? A serenidade de fachada? Ou antes a honestidade, o amor, a abertura ao instante? Observe sem trégua. Sinta o cheiro da sua alma.

Somos nós que produzimos nosso sofrimento: desejo, medo, culpa, arrependimento, desgosto, desprezo de si, inveja, orgulho, cólera... E quase sempre o sofrimento é abstrato, surge porque comparamos aquilo que é com aquilo que não é, aquilo que temos com aquilo que os outros têm, o presente com o futuro ou o passado. Lembranças que fazem mal, fantasmas torturantes, cenas imaginadas ou indefinidamente repisadas... No entanto, respiramos, sentimos, pensamos, participamos do milagre da vida. Se, ao menos, conseguíssemos ficar atentos nem que fosse por um instante à graça de viver...

Noventa e cinco por cento de nossos sofrimentos são imaginários.

O pensamento nos faz sofrer. Envolve-nos na cobiça, na agressão, no medo, na esperança, na ilusão... Se nos contentássemos em sentir, evitaríamos naturalmente o sofrimento.

O sofrimento é um pensamento que aspira ao prazer ou à fuga da dor, mas não há nada a fazer senão sentir, aqui e agora.

O mal é o que nos faz sofrer e nos impede de sentir. É uma única coisa: o pensamento.

Libertando-nos dos pensamentos, liberamo-nos do medo.

O problema não é atingir o estado vigilante. Isso já de saída traria a esperança de consegui-lo, a frustração de ainda não tê-lo atingido, o medo de estar para sempre distante dele. O problema é parar de sofrer agora. Parar, portanto, de pensar que não estamos alerta. Quando abandonamos um pensamento, um problema, uma dúvida, um medo e retornamos ao presente, ficamos alerta. A vigilância consiste em relaxar a própria vigilância.

Não há solução porque não há problema.
                                   Mareei Duchamp

Qual é a tonalidade da vida psíquica, a “base” de todas as atividades mentais? O medo, a culpa, a insatisfação, a frustração, a necessidade, a irritação... E ignoramos tudo isso. Trata-se da própria cor da existência. Essa cor é nosso ego, o que adquire “poder” sobre nós. Se, no lugar de deixar essa base passar despercebida, nos livrássemos do ego, ou se, ao menos, o víssemos e o relativizássemos, se lhe déssemos uma cara, então nenhuma tirania, nenhuma ilusão seriam exercidas contra nós. Recusaríamos qualquer cumplicidade.
Os outros egos e seus pretensos poderes não mais teriam em que se agarrar. Não poderíamos mais nos causar medo, apostar em nossa culpa, nosso desejo de ganhar, nossa angústia de perder, nosso desejo de louvação, nosso receio de censura, nossa “necessidade de amor”. Ao sair de cena o avalista do bem e do mal, das vitórias e das derrotas, aquele a quem dirigimos nossos pensamentos, o suposto “eu”; ao descobrirmos a futilidade daquele que julga e que arquiva atrás do espelho sem aço da consciência, tornamo-nos verdadeiros guerreiros.

A cobiça e a cólera solidificam os fenômenos e nos impedem de perceber seu vazio intrínseco. Por ignorância, supomos a existência das coisas ou dos indivíduos no fluxo instável da experiência e é a partir daí que o desejo e a agressão se desenvolvem. A cobiça e a cólera são só pensamentos, vozes que vêm nos visitar. Não somos nós que nos irritamos ou que desejamos. A cobiça e a cólera nos fazem tomar as ilusões pelas realidades. Os pensamentos são como sonhos e a ignorância, uma sonolência.

Realizar, ver, sentir a natureza onírica dos pensamentos no momento em que eles surgem já é um grande passo no caminho da sabedoria e da felicidade. Com efeito, os pensamentos não nos fazem sofrer, eles são o sofrimento. Tristeza, ódio, sentimento de desaprovação, desejo insatisfeito ou frustrado, inveja, ciúme, desprezo, medo, culpa, quase todas as dores são pensamentos. E se não aumentássemos os sofrimentos do corpo com os pensamentos, quão mais fácil não seria suportar a maioria deles! A partir de então, que liberdade a de perceber claramente o caráter onírico e ilusório dos pensamentos que surgem! O sofrimento foi só um sonho ruim.

...
O Fogo Liberador - Pierre Lèvy

[ Texto dedicado a uma grande pessoa, a qual tive o imenso prazer de "coincidentemente" conhecer: "A vida é isso Gu, um belo e enorme enigma que, quando desvendado, nos revela tudo aquilo que sempre sonhamos, e que antes imaginávamos ser apenas parte deste sonho bom. Mas que não é... é real, e está a sua espera para ser contemplada." ]

8 de outubro de 2013

Meditação traz inteireza e saúde


Osho, meditação é suficiente para tornar-nos inteiros e saudáveis? Por favor, explique.

A palavra "meditação" e a palavra "medicina" vêm da mesma raiz. Medicina significa aquilo que cura o físico, e meditação significa aquilo que cura o espiritual. Ambos são poderes de cura.

Outra coisa a ser lembrada é que a palavra "cura" (heal) e a palavra "inteiro" (whole) também vêm da mesma raiz. Estar curado simplesmente significa estar inteiro, não faltando nada. Outra conotação: a palavra "santo" (holy) também vêm da mesma raiz. Cura, inteiro,  santo, não são diferentes em suas raízes.

Meditação cura, faz você inteiro; e ser inteiro é ser santo. 

Santidade não tem nada a ver com fazer parte de qualquer religião. Fazer parte de qualquer igreja. Simplesmente significa que interiormente você é total, completo, nada está faltando, você está realizado. Você é o que a existência queria que você fosse. Você percebeu o seu potencial.

No Ocidente, a meditação não criou raízes, por que as três principais religiões do Ocidente, e as duas ramificações do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, todas são orientadas por oração.

Oração e meditação são absolutamente contrárias, oração move-se para fora. Oração é endereçada a algum Deus que você não conhece, é só uma crença dada a você pelos seus pais, sociedade, igreja, sinagogas.

Você ora, mas não existe ninguém escutando a sua oração. Não existe ninguém que responderá por sua oração. Sim, as pessoas que oram sentem-se bem; mas isso não significa que a oração delas foi ouvida.

Só de orar, elas se tornam silenciosas. Só de orar, um certo tipo de atitude surge nelas; elas deixam de lado seus egos, elas deixam tudo de lado. Tornam-se acentuadamente concentradas na idéia de um Deus. Esta é a idéia, a projeção delas, e isso dará à elas um sentimento de bem-estar. E esse bem-estar é completamente ilusório, faz você sentir que a sua oração é significativa. E que deve existir um Deus; caso contrário, depois de orar, porque você se sente tão sereno, tão calmo? Oração funciona quase que como auto-hipnose.

Não é necessário um Deus, você pode concentrar-se em qualquer coisa. Na Índia há pessoas que adoram árvores, e elas sentem o mesmo. Há pessoas que adoram estátuas, um monte de pedra, e elas sentem o mesmo. Há pessoas que adoram o sol, ou o rio, e elas sentem o mesmo.

A questão não é o que você está adorando; a questão é que se você concentrar-se você entrar em um transe hipnótico. E um transe hipnótico e muito relaxante, dá-lhe um bem-estar. Então, se você ora só para sentir esse bem-estar, não há mal algum, é perfeitamente ok. Mas isso não tem nada a ver com a busca pela verdade. Não tem nada a ver com o conhecimento do seu ser. Meditação move-se para dentro; oração direciona-se para fora. É por isso que eu digo que suas dimensões são pólos opostos.

Para orar à um Deus é preciso, um objeto. E você pode ter o objeto que quiser. Os hindus tem trinta e três milhões de deuses. Por que ter só um quando se trata de sua imaginação? Por que ser tão miserável? Os hindus tem deuses em abundância. Você pode escolher de acordo com o seu gosto qualquer tipo de deus.

Para as pessoas de fora parece muito estranho, mas elas não entendem a psicologia da oração. Não importa para o que você está orando, para quem sua oração está sendo endereçada. Tudo que importa é que você deve estar concentrado. Você pode fazer o mesmo apenas deitando e olhando para a lâmpada sem piscar os olhos, orando, pelo menos a lâmpada não é a sua imaginação, ela está lá e rapidamente você entrará em um transe hipnótico. E quando você voltar a si você se sentirá revigorado, rejuvenescido, mais vivo do que nunca, mais jovem.

Então, não tem nada de errado, até onde essas coisas possam trazer-lhe benefícios. O problema é você achar que isso é religioso, que é crescimento espiritual, daí você estará caindo dentro de uma perigosíssima falácia.

Religião é uma jornada interior, e meditação é o caminho. O que a meditação na verdade faz é, levar você, sua consciência, o mais profundo possível. Até mesmo o seu corpo torna-se algo exterior. Até mesmo sua mente torna-se algo exterior. Mesmo o seu próprio coração - que é o que mais se aproxima do centro do seu ser, torna-se exterior.

Quando seu corpo, mente e coração, todos os três, são transcendidos, então você chegou no centro da sua existência. Esta chegada ao centro é como uma imensa explosão que transforma tudo. Você nunca mais será o mesmo, porque agora você sabe que seu corpo é só uma carapaça; a mente é um pouco mais interna, mas não é realmente seu núcleo interno; o coração é ainda mais interno, mas não o seu centro mais profundo. Você está desidentificado com todos os três.

Por causa disso que George Gurdjieff costumava chamar seu caminho de "o quarto caminho", porque se você for capaz de transcender esses três você chegará no quarto, além do qual não tem mais para onde ir. Você chegou ao fim.

Mas isso lhe dá muitas experiências. Você começa a sentir-se, pela primeira vez cristalizado, não como aquela antiga e doentia personalidade que você sempre foi. Pela primeira vez você começa a sentir uma incrível energia, uma inesgotável energia, que você nunca havia percebido. Pela primeira vez você saberá que a morte acontece somente ao corpo, a mente, ao coração, mas não a você.

Você é eterno. Você sempre esteve aqui, e você sempre estará aqui em diferentes formas, e finalmente num estado informe. Mas você não pode ser destruído, você é indestrutível. Isso te liberta de todos os seus medos. E o desaparecimento do medo é o aparecimento da liberdade. O desaparecimento do medo é o aparecimento do amor.

Agora você pode compartilhar. Você pode dar quanto você quiser, porque agora você é uma fonte inesgotável de água viva. Muitos que estão sedentos virão até você. Eles lhe encontrarão, não haverá necessidade de chamá-los; a própria sede colocará você em contato com eles. Eles se aproximarão mais de você, porque à medida que se aproximarem sentirão o desaparecimento da sede e o aparecimento de um grande contentamento. Do mesmo jeito que você está, eles estão se tornando.

Meditação faz-lhe inteiro, faz-lhe santo, e faz-lhe uma fonte inesgotável para aqueles que estão famintos, sedentos, buscando, procurando, tateando na escuridão.
Você se torna uma luz, e muitos podem compartilhar sua luz. Você pode ver: uma vela acesa pode acender muitas outras velas. E isso não faz diminuir sua luz. 

Um ser iluminado pode compartilhar sua luminosidade e muitos podem se tornar iluminados. Mas sua iluminação não diminui; ao contrário, aumenta. Quando mais ele dá, mais ele tem. Chega um momento em que ele se entrega totalmente. E esse é o momento em que ele se torna um mestre. Então, aqueles que estão prontos para pegar, que estão abertos, disponíveis, podem pegar o quando quiserem.

O mestre é só uma luz. Ele não é um professor, mas algo transparece entre ele e o discípulo. E no momento em que o discípulo também se torna iluminado, não há diferença entre o mestre e o discípulo. E isso é maior contentamento para um mestre, quando todos os seus discípulos também se tornam mestres. 

Essa tem sido minha idéia em criar comunas ao redor do mundo. Essas comunas não são como as ordinárias organizações religiosas, essas comunas não são comunas de crentes. Essas comunas são laboratórios alquímicos para transformação e criação de mais e mais mestres. Com menos do que mestres eu não me satisfarei.

Meditação é o caminho para a maestria do seu próprio ser. Não é necessário nenhum Deus, não é necessário nenhum catecismo, não é necessário nenhum livro sagrado. Ninguém precisa se tornar Cristão, ou Judeu, ou Hindu, tudo isso é pura besteira. Tudo que é preciso é que encontre o seu centro, e meditação é a maneira mais simples para se encontrar. Ela fará você ser inteiro, saudável espiritualmente, e fará você tão rico que você poderá destruir toda a pobreza espiritual do mundo.

E esta é a real pobreza. A pobreza do corpo físico por comida, por roupas, por abrigo, pode ser facilmente resolvida pela ciência e pela tecnologia. Mas a ciência e a tecnologia não podem lhe dar bem-aventurança, está além do alcance delas. E você pode ter tudo que o mundo tem a oferecer, mas se você não tiver paz, serenidade, silêncio, êxtase, você permanecerá pobre. Na verdade, você sentirá sua pobreza mais do que nunca, porque o contraste estará lá. Você estará vivendo em um palácio de ouro, e você saberá que é um mendigo. Você pode olhar para dentro, não há nada, você está completamente vazio.

É por isso que, quanto mais a humanidade se torna inteligente, mais madura, mais e mais as pessoas começam a sentir sua insignificância, mais e mais as pessoas começam a perceber que a vida é acidental, que é simplesmente inútil continuar vivendo.

De acordo com os últimos estudos filosóficos no Ocidente, tudo indica uma coisa, que talvez suicídio seja a única solução. E claro, se você não conhece o seu mundo interior, e você tem disponível tudo que o mundo pode lhe dar, suicídio parecerá ser a única solução.

Meditação pode fazer de você interiormente rico. Então suicídio fica fora de questão; até mesmo se você quiser se destruir, não tem jeito. Seu ser é indestrutível. E conhecer esta imortalidade é libertar-se - da morte, da doença, da velhice. Todas essas coisas virão e irão, e você permanecerá intocável, sem arranhões. Sua saúde interior está além de qualquer doença. E ela está ai, só precisa ser descoberta.

...
OSHO - From Bondage to Freedom – cap. 28 – pergunta 2

30 de setembro de 2013

A Lei da Atração


A Lei da Atração sob a ótica do Raja Yoga (Brahma Kumaris)


O nosso universo é feito de dois tipos de energia: a física (material) e a espiritual (metafísica). Cada um destes tipos de energia é governado por algumas leis do universo. E essas leis governam cada um de nós, quem quer que sejamos, onde quer que estejamos, quer acreditemos ou não, quer entendamos sobre estas leis ou não. Algumas das leis que governam o nosso mundo físico são: a lei da gravidade, a terceira lei de Newton e a lei da entropia. Estas leis são absolutas  isso quer dizer que não podem ter emendas, como as leis que são feitas pelos seres humanos. Estas leis que regem os cinco elementos da matéria são aplicadas para todo mundo: seja para um rei, seja para alguém pobre  elas não discriminam ninguém. Da mesma maneira, há algumas leis que operam no nível espiritual. Uma delas é chamada de Lei do Karma, também conhecida como a Lei da Espiritualidade; e uma segunda lei é denominada Lei da Atração, sobre a qual vou descrever.

Quando olhamos o mundo ao nosso redor, vemos muitas maravilhas. Mas a maior de todas é a maravilha da mente humana. Tudo aquilo que é visto no mundo material de forma concreta primeiramente surgiu na mente dos seres humanos e só depois é que recebe a sua forma concreta. Então, vocês podem ver como esta mente humana, ao trabalhar nos elementos da matéria, foi capaz de criar tantas maravilhas no mundo, em todas as esferas da vida: na arquitetura, nas artes, na cultura e em todos os outros campos científicos. Então, imaginem se nós fossemos capazes de concentrar este mesmo poder da mente em nós mesmos, nas nossas próprias vidas  o que nós poderíamos ver de maravilhas acontecendo em todo lugar!

Desde o momento em que nascemos até o momento em que morremos, nossa mente e nossos pensamentos influenciam tudo aquilo que fazemos. Então, podemos ver que os nossos pensamentos são nossos companheiros constantes. Nós nos tornamos aquilo que pensamos, e é por isso que existe esta expressão “você se torna aquilo que pensa”. 
Portanto, todos nós, independente de onde vivemos, estamos trabalhando com esse poder infinito, que é o poder da mente. Tudo aquilo que vem na sua vida, você está atraindo por meio do poder dos seus pensamentos. E isso é atraído a você por meio das imagens que você mantém na sua mente. O que quer que esteja acontecendo na sua mente, é você que está atraindo aquilo por você mesmo – tanto os pensamentos positivos como os negativos, qualquer coisa está sendo atraída por você.

Cada pensamento que é criado por você é valioso, porque é real. No mundo físico a lei diz que os opostos se atraem, porém, na espiritualidade, nós vemos que é o contrário: semelhantes se atraem. Se você tem um pensamento, acaba atraindo pensamentos semelhantes, aquele que você gerou para si mesmo  seja um pensamento positivo ou negativo. Uma simples forma de você entender como isso acontece, como existe esta atração, é ver um ímã. Todos nós sabemos que o ímã atrai. Você é um ímã, um ímã poderoso, e você possui esta força magnética dentro de si. É você que emite essas vibrações por meio de seus pensamentos. 
Uma vez que entendemos que nós somos aqueles que criamos nossos pensamentos, que somos aqueles que emitimos estas vibrações no mundo através de nossos pensamentos, qual é então o nosso trabalho? 

Como seres humanos, a nossa tarefa é manter de forma absolutamente clara nas nossas mentes o que queremos e dessa forma segurar, conter esse pensamento do que nós queremos. Uma vez que tornamos aquele pensamento na nossa mente completamente claro, começamos a invocar aquilo que aquele pensamento está querendo atrair. Esta é a lei do universo chamada Lei da Atração. 

Lembre-se que você atrai por meio de seus pensamentos aquilo que pensa mais na sua vida e também que atrai para si aquilo que quer mais na sua vida. Quando você olha para sua vida, o que você observa? 

Sua vida presente é o reflexo de seus pensamentos passados. Estes pensamentos incluem pensamentos que foram muito bons, grandiosos, e outros pensamentos que não foram tão bons assim. Portanto, a Lei da Atração diz que se você quiser obter alguma coisa, deve manter aquele pensamento muito firme na sua mente  e aquilo que você mantiver na sua mente é aquilo que irá conseguir obter. 

Os pensamentos mais freqüentes, aqueles pensamentos que são enfatizados por mim, atrairão o que vai acontecer na minha vida. Podemos resumir este princípio em uma frase simples: pensamentos se materializam, tornam-se coisas. Por exemplo, uma pessoa estava se dirigindo para um programa e disse que queria encontrar um lugar para estacionar. Esta pessoa manteve aquele pensamento em sua mente e a próxima coisa que aconteceu foi que simplesmente havia um lugar disponível para que o carro pudesse ser estacionado. 

Então, na filosofia do Raja Yoga, nós enfatizamos bastante a importância do poder do pensamento que criamos em nossa mente, para que possamos então atrair aquilo que estamos querendo na nossa direção. Na verdade, a meditação Raja Yoga é a técnica de usar os pensamentos positivos, criar os pensamentos positivos em nossa mente. Você não pode ver os pensamentos, você não pode tocar os pensamentos, você não pode cheirar os pensamentos, mas definitivamente os pensamentos existem e possuem uma freqüência. 

Quando você emite um pensamento está irradiando este pensamento no universo, na atmosfera, e este pensamento irá atrair magneticamente freqüências da mesma natureza, da mesma intensidade dele. É como se nós estivéssemos falando numa cúpula, a sua própria voz acaba ressoando, o eco ressoa. Aquilo tudo que sai de nós retorna para a fonte de onde saiu, quer dizer, para nós mesmos. 

Podemos entender ainda melhor sobre como funciona isto quando olhamos os aparelhos de televisão de nossa casa. Uma televisão tem vários canais e cada canal tem uma freqüência. Quando sintonizamos o canal em determinada freqüência, somos capazes de ver imagens na tela de nossa TV. Então, nós selecionamos a freqüência escolhendo o canal. Se você quiser ver novas imagens em sua tela, tem então que mudar de canal, mudar de freqüência para poder atrair outras imagens. 

Então, procure ver a si mesmo como uma torre de transmissão humana. Você transmite as freqüências com os seus pensamentos. As imagens que você recebe são as imagens de sua vida. Então, por meio de seus pensamentos, você atrai determinadas freqüências que, por sua vez, atraem imagens que serão transmitidas para a sua vida. 
Imagine que você não esteja se sentindo tão bem no dia de hoje. É possível mudar isso? Sim, é possível mudar, assim como você é capaz de mudar de canal no seu aparelho de TV. 

É por isso que no Raja Yoga há este entendimento, que cada um de nós tem suas próprias escolhas. Nós podemos selecionar os pensamentos que quisermos em qualquer momento e, de acordo com os pensamentos, surgirão então os nossos sentimentos. A única coisa importante é que você mantenha desperto o seu processo de pensar. Hoje em dia os nossos intelectos estão dormindo, e mesmo que nós queiramos criar bons pensamentos e bons sentimentos, muitas vezes, acabamos repetindo alguns pensamentos e sentimentos antigos. 

Quando eu começo a praticar a meditação sou capaz de despertar o meu intelecto  e o meu intelecto é aquele que vai monitorar os pensamentos e fazer com que eu possa pensar aquilo que eu quiser. Se eu começar a pensar que tenho fartura, começarei a experimentar a abundância em pouco tempo. Se eu experimento que estou vazio, me esvazio daquilo que possuía anteriormente. O método que tenho que usar para sentir que tenho bastante é pensar na questão da abundância e então automaticamente esta abundância, este preenchimento, virá até mim. 

Uma vez que todo mundo quer experimentar abundância em suas vidas, por que a maioria das pessoas tem uma vida de pobreza e não de abundância? Isto é um grande problema. A razão é que a grande maioria de nós, quando não quer alguma coisa, pensa sempre naquilo que não quer, em vez de pensar naquilo que quer. E é por isso que aquilo que não queremos fica aparecendo diante de nós de novo e de novo. A razão pela qual nós não temos aquilo que queremos na nossa vida é porque na maior parte do tempo ficamos pensando sobre aquilo que não queremos, e então, isso acaba aparecendo mais freqüentemente nas nossas vidas. 

É por isso que podemos dizer que isso é uma epidemia, pior do que uma praga, que faz com que nós não sejamos capazes de experimentar aquilo que queremos nas nossas vidas. 
A partir de hoje vamos ver se conseguimos ficar livres dessa epidemia, a epidemia daquilo que não queremos e assim nós veremos como a lei da atração funciona. 

Por exemplo, na minha vida, o tempo inteiro, fico pensando: eu não gostaria que essa pessoa se comportasse dessa maneira, eu não gostaria que esta pessoa ficasse com raiva de mim, eu não gostaria que esta pessoa agisse dessa determinada forma. Então, porque eu fico pensando naquilo que eu não quero, o que eu estou atraindo é exatamente aquilo que eu não quero, porque é o que eu estou pensando constantemente. Porque a lei da atração é absoluta. Isso quer dizer que ela não se engana. A lei não depende se você está querendo algo bom ou algo ruim. A lei simplesmente responde àquilo que você está emitindo na atmosfera. É por isso que no Raja Yoga vive-se dizendo “pense antes de pensar”.

Porque se você tiver pensamentos negativos significa que você já irradiou aquelas transmissões negativas, então você está destinado a receber o retorno daquilo que pensou. 
É por isso que o Raja Yoga diz que podemos dominar a arte do pensamento através da meditação, para que possamos criar a prática de pensarmos antes de pensar. 
No momento em que você quiser perceber ou descobrir que tipo de pensamentos você está tendo, fica fácil descobrir sobre seus pensamentos se você observar que sentimentos você está tendo naquele momento. Seus pensamentos e os seus sentimentos criam a sua vida. Você tem o poder de mudar o que quer que você queira, porque você é aquele que cria os seus pensamentos. E você também é aquele que sente  e é por isso que é muito importante você sentir o bem. Quando você está se sentindo bem a respeito de si mesmo, você está emitindo estas vibrações na atmosfera e está atraindo para si coisas boas.

O poder do pensamento é como a lâmpada do Aladim: quando você esfrega a lâmpada e o gênio aparece, ele está disposto a preencher qualquer um de seus comandos, qualquer um de seus desejos, por isso nós somos aqueles que, por meio de nossos pensamentos, temos o comando de atrair o que quer que queiramos para nossas vidas. 

Eu gostaria de repetir uma vez mais que sua vida atual é o resultado de tudo aquilo que você tem pensado e que se você quiser se transformar, deve começar a transformar os seus pensamentos.

O que você pode começar a fazer para dar uma reviravolta em sua vida? 

Gostaria de compartilhar com vocês cinco métodos que podem nos ajudar a termos essa transformação em nossos pensamentos.

O primeiro método é sobre o poder mágico da gratidão. A primeira coisa que nós deveríamos fazer, portanto, é uma lista de todas as coisas que poderíamos agradecer em nossas vidas. Talvez na sua vida até agora você tenha feito apenas uma lista das coisas que você não quer ter. E a conseqüência disso é que, talvez, na sua vida, você tenha sentido uma porção de queixas, e tenha freqüentemente culpado os outros. Definitivamente, ter sentimento de gratidão é o método para atrair mais para a sua vida. Aquilo que você pensa a respeito e aquilo que você agradece é aquilo que você atrai para si. Quando você agradece é como se você já tivesse recebido aquilo que você gostaria de ter. É como se você tivesse atraído aquilo para si. Quando tenho sentimento de gratidão, o que acontece é que estou emitindo estas vibrações, estes sentimentos positivos, no mundo. Começo a sentir que estou satisfeito e que eu já obtive aquilo. E aquele sentimento irá atrair mais aquilo que eu já comecei a sentir para mim. Quantos de vocês já experimentaram isto? Então, podemos obter mais simplesmente ao termos uma atitude de gratidão.

Um segundo método que podemos utilizar para fazer funcionar a lei da atração é a visualização. É dito que quando você visualiza, você materializa. Mas o que é visualização? Significa focar os pensamentos e as imagens. O que realmente cria a atração não é apenas a imagem e nem mesmo o pensamento, mas o sentimento com o qual você está fazendo aquilo. É por isso que existe uma expressão na ciência que é a seguinte: o que quer que a mente conceba, ela é capaz de alcançar. Eu preciso conceber aquela imagem na minha mente de tal forma clara que eu começo a experimentar que eu já estou alcançando aquilo na minha vida.

O terceiro método está conectado apenas com você. Você trata a si mesmo como você gostaria que os outros o tratassem? Pergunte-se: quem é a pessoa mais importante na minha vida? É você! Se você não tratar a si próprio da maneira como você gostaria que as pessoas o tratassem, você não será capaz de mudar aquilo que está a sua volta. É por isso que é muito importante que eu dê esse tempo de qualidade a mim mesmo, para que eu possa me conhecer a ponto de saber quais são as minhas fortalezas e também quais são as minhas fraquezas. A maioria de nós não é capaz de se amar e nem de se respeitar, e é por isso que ficamos buscando fora de nós ou esperando que outras pessoas nos respeitem ou nos amem. É pelo fato de não darmos este tempo de qualidade a nós mesmos que não somos capazes de nos conhecermos internamente, e é por isso que não damos este amor e este respeito a nós mesmos. Se você quiser que a Lei da Atração funcione neste sentido para você, tem que começar a dar um tempo de qualidade para si e tem que começar a se amar e a se respeitar. De outra forma, você estará emitindo sinais de que você não é digno, de que você não é valioso e de que você não merece. E isso faz com que as outras pessoas e as situações tratem você cada vez mais da forma como você se trata.

Todos nós já ouvimos falar da lei da causa e do efeito. Não existe um efeito se antes não tiver havido uma causa e não existe uma causa que não traga um efeito. Então, nessa situação, quem é a causa e qual é o efeito? Seus pensamentos são a causa e as pessoas são simplesmente aquelas que estão trazendo o efeito para você. Se você, portanto, entender esta lei de causa e efeito, comece a se tratar com amor e respeito e você verá que as pessoas começarão a lhe tratar com amor e respeito, como efeito dessa causa que você está criando. Dê mais a si mesmo. Arranje um tempo para poder se preencher, porque se você não se preencher, você não terá nada a oferecer às pessoas. Este é um dos aspectos importantes da prática do Raja Yoga, em que nós começamos a dar esse tempo de qualidade a nós mesmos, para que possamos nos preencher de auto-estima. E quando existe esta experiência de auto-estima, nós começamos a sentir que existe abundância na nossa vida. E quando existe esta experiência de abundância, nós então começaremos a doar à outras pessoas e não teremos expectativa de que as outras pessoas terão que doar para nós. Portanto, você tem que começar tendo amor incondicional por você mesmo, pois é impossível você se sentir bem se não tiver amor por si. E quando eu não tenho amor por mim mesmo, o que acontece é que eu bloqueio todas as avenidas, todas as ruas que vêm na minha direção, e então eu não sou capaz de receber nada de lugar algum. Eu começo a experimentar isso em relação a mim mesmo quando eu começo a dar mais tempo para mim, quando eu começo a ficar mais na minha companhia, quando eu começo a me tratar com carinho e com amor.

O quarto método está conectado aos relacionamentos. Nós estamos constantemente em relacionamento, seja na família, em casa, no trabalho, ou em qualquer outro lugar. Mas o problema que existe nos dias de hoje é que os relacionamentos não estão funcionando bem. E por que vocês acham que os relacionamentos não funcionam bem? Nós estamos sempre nos fechando sobre alguma coisa das pessoas que estão em relacionamento conosco. Constantemente existem queixas. Estas queixas vêm na forma de crítica, na forma de difamação, na forma de insatisfação. Todas as pessoas que entram em contato conosco têm boas características e têm características que não são tão boas. Mesmo a pior de todas as pessoas, ela pode ter 99% de erros, mas vai ter uma característica positiva. Para que os relacionamentos possam funcionar, melhorar, o que temos que fazer é nos concentrarmos naquilo que mais apreciamos na pessoa  e não naquilo que estamos nos queixando sobre a pessoa. Se nós continuarmos a nos queixar e não apreciarmos a outra pessoa, o que vai acontecer é que simplesmente continuaremos a atrair mais aquilo que queixamos. Para melhorar os seus relacionamentos, pense e faça uma lista de todas as coisas que você aprecia naquela pessoa, e pense sobre todas as razões que você tem para poder amá-la e apreciá-la, porque a Lei da Atração funciona desta maneira: quando você começa a pensar sobre aquilo que você aprecia nessa pessoa, você começa a emitir aquele tipo de vibração e você começa a receber mais daquele tipo de experiência; a pessoa começa a te apreciar mais e você começa a apreciar mais a pessoa. É absolutamente seguro que se nós utilizarmos este método na nossa vida, todos os problemas começarão a desaparecer nas nossas vidas e nós começaremos a viver em harmonia.

O quinto método é muito fácil. Aprenda a elogiar e a abençoar os outros. Abençoe a si mesmo, abençoe tudo. Essa freqüência positiva trará mais bênçãos à sua vida. Vocês se lembram quando foi a última vez que vocês abençoaram uma pessoa? Talvez a última vez que você tenha abençoado alguém foi quando ele espirrou. Você diz: “que Deus o abençoe”. E mesmo assim, quando nós falamos isso, falamos apenas com os lábios, não é com o nosso coração. Abençoar alguém significar desejar o melhor para aquela pessoa com o seu coração. Quando você começa a abençoar alguém, quando você começa a ter estes pensamentos positivos em relação a alguém, todas aquelas negatividades começam a dissolver-se.

Elogie, louve ou abençoe os seus inimigos, porque se você amaldiçoar seus inimigos, isso vai acabar voltando para você e vai prejudicá-lo ainda mais. Se nós começarmos a usar este método da Lei da Atração em nossas vidas, nós vamos começar a ter essa percepção do quão importante é termos esta atenção em relação a nós mesmos. Hoje em dia nós esquecemos a respeito de quem somos verdadeiramente e estamos atuando com base na nossa segunda natureza. O que a meditação nos ensina é que nós podemos usar o poder do pensamento de acordo com aquilo que nós queremos para podermos atrair às nossas vidas aquilo que desejamos. Eu também passo a entender que tudo aquilo que atraí na minha vida até este momento é o resultado de meus próprios pensamentos  por isso, não há necessidade de apontar o dedo para qualquer outra pessoa achando que tem alguma coisa lá fora ou alguma pessoa que é responsável por eu ser infeliz. 
Uma vez que nós aceitamos a responsabilidade pelas nossas próprias vidas, nós somos capazes de fazer algumas mudanças. Então, o que nós aprendemos é poupar os nossos pensamentos.

Hoje em dia nós não temos controle sobre os nossos pensamentos, porque nós pensamos que pensar é uma coisa gratuita. Quando alguma coisa é gratuita, então ninguém dá importância. Mas a Lei da Atração nos mostra que os pensamentos são muito importantes, é como se fosse uma pequena semente que, uma vez semeada, faz nascer uma grande árvore. Quando eu aprendo a técnica da meditação eu passo a diminuir a velocidade dos meus pensamentos e também tenho a capacidade de mudar a freqüência dos meus pensamentos de forma que eu sou capaz de ter o controle de minha própria mente, de meus pensamentos. Uma vez que nós entendemos a importância do poder dos nossos pensamentos, nós podemos conscientemente começar a prestar atenção nos nossos pensamentos para que possamos atrair para nossas vidas uma vida mais pacífica, mais feliz e mais abundante. 

A partir de agora todos nós podemos fazer com que nossos pensamentos tornem-se nossos melhores amigos, para que estes melhores amigos possam dar felicidade e conforto em nossas vidas. O que significa tornar a sua mente sua melhor amiga? Significa ensinar à sua mente a pensar mais devagar, pensar bons pensamentos e ter positividade. Aquele que aprende a pensar menos, a pensar mais devagar e a pensar de forma positiva, se torna um mestre de seus próprios pensamentos e aquele que tem esse domínio de seus próprios pensamentos acaba se tornando diretor de sua vida.

Eu espero que a partir de agora, todos levem consigo este pensamento de que cada um de nós tem que se tornar o mestre, o dono dos seus próprios pensamentos, da sua própria mente  e como conseqüência, se torne o diretor de sua própria vida.


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Extraído de uma palestra orientada pela Organização Brahma Kumaris.
Caso queira saber mais sobre a Filosofia e Meditação Raja Yoga, e sobre a Brahma Kumaris, acesse: http://www.brahmakumaris.org/brazil/what-we-do-pt/meditation-pt