29 de agosto de 2013

Planeta Azul


"No princípio, Deus criou o céu e a Terra, .... e viu que tudo era Bom." (Gn 1,1)


"A terra nos dá o seu fruto, e Deus, nosso Deus nos abençoa", diz o salmista. E nós? Como retribuímos a generosidade da Mãe Terra - Gaia - nosso berço e nutriz?

Como conciliar desenvolvimento, aproveitamento dos recursos naturais sem tanta depredação, sem tanta destruição? Por que a ganância humana, o desprezo pelo nosso meio-ambiente, a ignorância que incendeia nossas matas e polui nossas nascentes, parece crescer num passo infinitamente maior do que a conscientização de nossa população com referência à nossa própria sobrevivência aqui?

Se não aprendermos rápido, em breve será tarde demais. É preciso que aprendamos a viver em paz e harmonia com nossa Terra, o Planeta Azul, que "brilha como uma jóia no firmamento".

Tentemos simplificar nossa vida, resistamos ao desejo de acumular, paremos de produzir tanto lixo, voltemos para o nosso Centro e despertemos de nosso sono. Nosso valor não está no "ter", mas no "SER". Ser mais humanos, mais solidários, mais irmãos. Seres pacificados, primeiro conosco mesmos, depois com nossos vizinhos, irmãos, com toda a terra, com o universo.

Aprendamos a partilhar. Aprendamos com o livro dos Atos dos Apóstolos: "os cristãos tinham tudo em comum..... e não havia necessitados entre eles". Aquilo que acumulo, que amontoo, que já não encontro mais lugar em minha casa para guardar, faz falta a outro que muitas vezes não tem com que sobreviver, com que se proteger do frio, com que saciar sua fome...

Não teremos que contratar seguranças, que colocar nossas jóias em cofres seguros, seremos mais livres para apreciar a beleza de um por-do-sol, para ouvirmos o canto dos pássaros.

Não precisamos nos matar de trabalhar para acumular bens que jamais levaremos conosco para nossa morada derradeira: " Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam." (Mt 6, 19-20). Então, teremos mais tempo livre para nos dedicarmos a partilhar nosso ser com outros necessitados. Podemos ensinar o que sabemos, há tantas pessoas desejosas de aprender o que você sabe e não podem pagar por isso... podemos, quem sabe, visitar os órfãos, os velhos abandonados nos asilos, ouvir-lhes as histórias e darmos a risada que perdemos na busca do dinheiro, da fama, do sucesso. E nosso coração se encherá de ALEGRIA, por que fomos feitos para a comunhão = comum união. A tristeza, a depressão se afastarão de você. A falta de sentido em sua vida desaparecerá. Você não precisará se preocupar mais com a estética de seu corpo, com as roupas que "precisa" comprar para ficar mais bonito (a), não precisará ser escravo (a) da aprovação dos outros para ser feliz. Você será feliz, porque SERÁ MAIS. SERÁ ALGUÉM QUE SABE AMAR, RESPEITAR, VALORIZAR O OUTRO. E descobrirá que poderá viver e ser feliz com menos. Diz a matemática que aprendems na escola "menos com menos, dá mais". Então, você será MAIS, pois o seu valor não está nas coisas que possui, nas habilidades e talentos que você tem e desenvolve apenas com o fim do retorno financeiro, com o brilho pessoal que isso pode te trazer. Pois os "dons e talentos que recebemos, não foram para nós, mas para o bem-comum, para a comunidade". Tudo recebemos de Deus e a Ele devolvemos, quando partilhamos com nossos irmãos.

Sejamos solidários! Sejamos criativos. Podemos reaproveitar, reciclar muito mais do que imaginamos. Ao ir fazer suas compras, pergunte-se: "estou MESMO precisando disso, meu filho, minha filha, está MESMO precisando disso?" Sugiro até que se resolva em casa, com a família, pai, mãe, filhos, o que comprar.

Compremos conscientemente. Sejamos esclarecidos. Compremos daquelas empresas comprometidas com o meio-ambiente e não as vilãs de nossa Mãe Natureza, não as que destroem tudo o que está a seu redor, visando exclusivamente o lucro.

Não tenhamos medo de elevar a nossa voz, de escrever a um jornal, de ligar para a polícia, bombeiros, etc, para prevenir um incêndio, um uso abusivo de algum recurso precioso, como desperdício de água, poluição de riachos, lagos, rios.... A Terra está gritando, pedindo socorro. Sem nossas árvores, sem água, não haverá vida na terra. Pense em seus filhos, pense nos seus pais, irmãos, pense nos sem-vez e sem-voz, aqueles que estão alienados e ainda não descobriram que fazemos parte de um TODO, que nos sustém e que tentamos ignorar. Saiamos de nosso sono e acordemos para os verdadeiros valores da vida: a simplicidade, a liberdade, o lúdico, a amizade, o amor, a solidariedade. Somos irmãos e irmãs, filhos e filhas de uma mesma Mãe: Planeta Terra. Cuidemos dela, como ela sempre cuidou de nós. Ela está machucada, suja, maltratada, mas ainda há como recuperá-la. Retorne à sua simplicidade original.

Mas, principalmente, RETORNE AO SEU CENTRO, onde você encontrará ALGUÉM que te ama, que te espera, que te guiará nesse novo caminho. Mesmo se você não acreditar Nele, busque uma maneira de ter esse contato profundo com o seu interior. Se não for cristão, pratique uma Meditação, Budista, Tibetana, a que mais lhe agradar, pois nesse contato profundo com seu eu interior, você irá descobrir o seu valor como PESSOA. Não como objeto. Descobrirá que não deverá usar as pessoas como objeto, nem deverá ser objeto de ninguém. Somos seres que caminhamos juntos, unidos, apoiando-nos e amando-nos mutuamente, porém sem nos escravizarmos nem sermos escravos de ninguém.

"Não vos deixeis levar pelo gosto de grandeza, mas acomodai-vos às coisas humildes." (Rm 12,16)

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Simplicidade Voluntária - http://www.simplicidadevoluntaria.com

28 de agosto de 2013

Simplicidade voluntária


ESTE SITE QUER SER COMO O FAROL NO MEIO DO OCEANO, MOSTRANDO UM PEQUENO FEIXE DE LUZ. PEQUENO, MAS ESSENCIAL. SEM ELE OS NAVIOS ENCALHAM, AFUNDAM. CLARO QUE NÃO TENHO ESSA PRETENSÃO, DE IMPEDIR QUE OUTROS AFUNDEM. MAS AINDA ASSIM, QUERO SER UMA LUZINHA BRILHANDO. ELA É PROVENIENTE DE UMA LUZ MAIOR, QUE BRILHA NO MEU CORAÇÃO.

DOS INCRÉDULOS TENHO DÓ. MAS, O QUE SERIA DA MINHA VIDA SEM A FÉ NAQUELE QUE É A 'LUZ DO MUNDO'?

PRECISAMOS APRENDER O DESAPEGO, A LIBERDADE!

Quem colocou em nosso coração, em nossa mente, que PRECISAMOS de 'objetos' para sermos felizes? Eles podem estar eventualmente a nosso serviço, e não o contrário. O neoliberalismo quer que estejamos sempre CONSUMINDO, alimentando SUA MÁQUINA DE FAZER DINHEIRO. Jogam milhares de produtos no mercado diariamente e nós pobres cegos, corremos para comer, no coxo da ambição e da ganância deles. Essa mesma ambição que destrói nossas matas, prostitui nossas crianças, vicia, adoece e assassina nossos jovens, joga nossos velhos nos asilos, porque não produzem mais... Em que nos transformamos?

Existe outra ambição: a de querer ser grande, o melhor, o mais competente, ganhar muito, ser PH.D. Mestre, Doutor, etc... 
Mas, será que nos perguntamos como e com quem ficam nossas crianças enquanto perseguimos esses alvos? O que estão aprendendo longe de nós? Recebendo atenção, carinho, ou aprendendo o desprezo, o desrespeito, o desamor? O tempo, o momento presente, está escapando de nossos dedos para um hipotético 'amanhã', ou temos sensibilidade para apreciar a Natureza ao nosso redor, dar um sorriso desinteressado a quem tem os olhos apagados pela indiferença, desamor? Aceitar e acolher o 'diferente', e não querer eliminar os que cruzam nosso caminho. Eles são nossos irmãos e irmãs de caminhada, nos foram dados para que possamos exercitar neles o nosso amor. "What the world needs now is love", já cantavam os Beatles na década de 60. "O que o mundo precisa agora é de amor!" E para amar, precisamos esvaziar o coração de tantas 'tralhas', para que possa caber o outro.

Enfim, precisamos nos perguntar em cada etapa da estrada da vida, 'o que realmente importa', para nós, enquanto seres humanos. Somos parte pequeníssima da grande Família Humana. Não nos deixemos coisificar. A Vida Simples é para ser vivida. Ela é NATURAL, não algo mais que precisamos adquirir. O que precisamos é tirar coisas em excesso, não acrescentar. Nascemos pelados. Prontos para a vida, perfeitos. Não compliquemos o Plano do Criador.

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Uma homenagem à excelente maneira que Jandira encontrou de avisar ao mundo, da importância sobre a nossa mudança interior e espiritual.

27 de agosto de 2013

Conduta gregária


Conduta gregária é a tendência que tem a máquina humana de estar misturada com as outras sem distinção e sem controle de nenhuma espécie.

Vejamos o que se faz quando se está em grupo ou entre a multidão. Estou seguro de que bem poucas pessoas se atreveriam a sair na rua e jogar pedras contra alguém. No entanto, em grupo o fazem. Alguém pode infiltrar-se numa manifestação pública e ficar exaltado por causa do entusiasmo. Terminará jogando pedras junto com a multidão ainda que depois venha a se perguntar porque o fez.

O ser humano comporta-se de forma diferente quando em grupo. Faz coisas que nunca faria sozinho. A que se deve isso? Deve-se às impressões negativas às quais abriu as portas. Assim, termina fazendo o que jamais faria sozinho.

Quando alguém abre as portas às impressões negativas, não só altera a ordem do centro emocional, que está no coração, como ainda o torna negativo. Quando alguém abre suas portas, por exemplo, às emoções negativas de uma pessoa que vem cheia de ira, porque alguém causou-lhe algum dano, termina aliando-se a essa pessoa contra o causador do dano e se encherá de raiva também sem ter nada que ver com o assunto.

Suponhamos que alguém abre as portas às impressões negativas de um embriagado e termina aceitando um copo de bebida. Em seguida, aceita dois, três... dez. Em conclusão, fica embriagado também.

Suponhamos que alguém abre as portas às impressões negativas de uma pessoa do sexo oposto. Provavelmente, acabará fornicando e cometendo todo tipo de delitos.

Se abrimos as portas às impressões negativas de um drogado, quem sabe terminemos também fumando maconha ou consumindo algum tipo de entorpecente. Como conclusão, virá o fracasso.

Assim é como os seres humanos contagiam-se uns aos outros dentro de ambientes negativos. Os ladrões tornam as outras pessoas ladras. Os homicidas sempre contagiam alguém. Os viciados contagiam os outros e multiplicam-se os drogados, os ladrões, os agiotas, os homicidas, etc. Por quê? Porque cometem o erro de abrir sempre as portas às emoções negativas. Isso não está certo. Selecionemos nossas emoções.

Se alguém nos trouxer emoções positivas de luz, de beleza, de harmonia, de alegria, de perfeição, de amor... abramos a elas as portas do nosso coração. Porém, se alguém nos trouxer emoções negativas de ódio, de violência, de ciúmes, de drogas, de álcool, de fornicação ou de adultério, por que iremos lhe abrir as portas do nosso coração? Fechemo-las! Cerremos as portas às emoções negativas!

Quando alguém reflete sobre a conduta gregária, pode perfeitamente modificá-la e fazer de sua vida algo melhor.

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A Revolução da Dialética - V.M. Samael Aun Weor

A deformação da palavra


O som do canhão, seu estampido, destrói os vidros de uma janela. Por outro lado, uma palavra suave apazigua a ira ou a raiva. Já uma palavra grosseira, inarmônica, causa pesar, melancolia, tristeza ou ódio, etc.

Diz-se que o silêncio é ouro, porém melhor é dizer: É tão ruim falar quando se deve calar, quanto calar quando se deve falar.

Há silêncios delituosos, há palavras infames... Devemos calcular com nobreza o resultado das palavras faladas, pois muitas vezes ferimos os outros com palavras proferidas de forma inconsciente.

As palavras cheias de mal intencionado sentido produzem fornicações no mundo da mente. As palavras arrítmicas geram violência no mundo da mente cósmica.

Jamais se deve condenar a alguém com a palavra porque não se deve julgar a ninguém nunca. A maledicência, a intriga e a calúnia têm enchido o mundo de dor e amargura.

Se estamos trabalhando com a superdinâmica sexual, temos de compreender que as energias criadoras estão expostas a todo tido de modificações. Estas energias da libido podem ser modificadas em poderes de luz ou de trevas. Tudo depende da qualidade das palavras.

Não é o que entra pela boca o que causa dano ao homem e sim o que sai! Da boca sai a injúria, a intriga, a difamação, a calúnia, o debate, etc. Tudo isto prejudica ao homem.

Evite-se todo tipo de fanatismo porque com ele causamos muito dano ao homem, ao próximo. Não somente se fere aos demais com palavras grosseiras ou com finas e artísticas ironias, mas também com o tom da voz, com inflexões arrítmicas e inarmônicas.

Sócrates exigia como base de sua dialética a precisão do termo. Em nossa dialética revolucionária exigimos como base a precisão do verbo.

A palavra, distinção humana, é o instrumento da expressão individual e da comunicação entre os homens. É o veículo da linguagem exterior e a manifestação ou exteriorização da complicada linguagem interior que tanto pode ser usada pelo Ser como pelo Ego.

Platão em seu diálogo Fédon expressou a um de seus discípulos um conceito famoso por sua profundidade e delicadeza moral: o princípio humano da propriedade idiomática. Diz assim: "Tem por sabido, meu querido Crítion, que o falar de uma maneira imprópria não é só cometer uma falta no que se diz, mas também uma espécie de dano que se causa às almas."

Se queremos resolver os problemas, devemos nos abster de opinar. Toda opinião pode ser discutida. Devemos resolver os problemas meditando neles. Precisamos resolvê-los com a mente e com o coração. Precisamos aprender a pensar por nós mesmos. É absurdo repetir como papagaios as opiniões alheias.

Quando se aniquila o Ego, desaparecem os processos opcionais da mente. Opinião é a emissão de um conceito por temor de que o outro seja verdadeiro; isso indica ignorância.

Urgente é aprender a não se identificar com os problemas. Precisamos nos auto-explorar sinceramente e depois guardar um silêncio mental e verbal.

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A Revolução da Dialética - V.M. Samael Aun Weor

O medo e o instante


O medo nos intima a fugir de determinado objeto ou situação. Mas é sempre da sensação, da própria experiência que queremos fugir. Encarar, sentir, estar presente consigo mesmo são umas das tantas vitórias sobre o medo. Se aceitássemos (nos) sentir, não deixaríamos as coisas chegarem até onde chegaram. Menos pesar haveria em nossas vidas e, em consequência, no mundo.

Não deixe sua atenção se desviar do todo. Vigie sua evolução global. Não perca de vista a totalidade. Conserve a presença de espírito. Enfrente toda a realidade.

A nobreza na atitude, o “porto”, está na sincronia entre o corpo e o espírito. Fisicamente presente, o nobre habita seu corpo. Põe o peso da presença em cada um de seus gestos.

A tática infalível do adversário é fazer com que você fique ausente de si, nem que por um segundo. Quando o espírito abandona o corpo, você se perde. Corta-se o canal de comunicação entre as tropas e o Estado-maior. Eis o pânico.

A raiz da covardia está na fuga do corpo, na evasiva diante da situação. O espírito do verdadeiro guerreiro sempre acompanha o seu corpo. Está ali, alerta, presente, calmo, vigilante.

A vilania está na distração, na desatenção consigo e com os outros. Um ser se rebaixa quando ó corpo não lhe pertence, quando seu espírito o deserta.

A coragem reside na determinação de enfrentar, assumir sua presença aqui e agora, não deixar o espírito se evadir.

Nas artes marciais, perder significa romper, nem que por um só segundo, a harmonia do espírito e do corpo.

Fracassamos porque em vez de observar e desafiar o que está diante de nós, ausentamo-nos em cálculos, planos e projetos.

O medo é uma vontade de fuga, um irrefreável desejo de não estar presente. O covarde não habita seu corpo.

O adversário quer “deixá-lo com medo”, dissociar seu corpo de seu espírito.

O que significa “estar presente”? Habitar o próprio corpo e cuidar do espírito.

Estar presente é a um só tempo a mais simples e a mais difícil das disciplinas. Por que tão difícil? Porque se estou presente, presente de verdade, sem fugir, fico vulnerável.

Fugimos do instante presente porque o tememos. Mas é exatamente o medo que o torna insuportável.

Você é o instante e nada mais.

Seja feliz por um instante. Esse instante é sua vida.
                                                                Ornar Khayyam

A raiz de todos os sofrimentos está na incapacidade de viver no presente, a cada segundo, e de nos maravilharmos com o fato de respirar, sentir, pensar, de nos relacionarmos com outros seres sensíveis.

Estar presente implica uma adesão integral às sensações e à experiência. Para isso seria necessário que os pensamentos parassem de ocupar nosso espírito ou, ao menos, que víssemos um pouco de través.

O espírito presente, como uma membrana muito fina, maleável e transparente, adere a todos os detalhes de seu campo visual, auditivo, olfativo, proprioceptivo e afetivo sem jamais se perder ou se desdobrar no pensamento que o faz descolar de seus sentimentos; sem se ausentar do fluxo de experiência, sem interpretá-lo ou conceitualizá-lo. Estar presente é tornar-se o próprio fluxo de experiência.

Deixando de me ausentar nos pensamentos, sinto minha própria presença envolver a presença de tudo o que constitui meu mundo. A partir do próprio movimento de retornar ao presente, torno-me sensível a mim e ao mundo, isto é, ao próprio instante.

Que sua alma esteja presente na dança cósmica, nas outras almas, em si mesma. Tudo é uma coisa só.

Nenhum bem é superior à alegria de existir aqui e agora.

Não há bem preferível à felicidade da pessoa que está diante de nós, aqui e agora.

O Bem não é a fonte da alegria, ele é a Alegria.

O Bem está na frágil, evanescente, qualidade do instante.

Você é a favor da alegria, da felicidade? É a favor do amor, da paz? Una sua vida a suas idéias e suas idéias a sua vida, concretamente, em cada segundo, agora, não rejeite o momento. Pois a única coisa que conta é esta vida daqui. Só a vida imediata é real. Seja o amor, seja a paz, seja a alegria. Agora. Todo o resto é hipocrisia.

O despertar supõe uma libertação de todos os conceitos e categorizações que reificam e aprisionam a existência. Todo ser que possui uma experiência direta do que quer que seja, e precisamente porque a possui, está alerta. Uma pessoa inventiva ou criativa desprendeu-se forçosamente dos preconceitos instituídos, seja no domínio da ciência, da arte, da cozinha, do amor ou de qualquer outro setor da existência. Ir além do instituído, do habitual, do mecânico, para poder criar ou interpretar livremente é sempre uma forma parcial de despertar. Parcial? Sim, porque ainda assim não atingimos o cerne do despertar que é a arte de ser humano.

Uma personalidade comum eqüivale a uma certa distribuição irregular e específica de seus momentos de presença, uma especialização ou uma filtragem singular de seu potencial de existência. O ser alerta, por sua vez, existe aqui, agora e em todas as direções, sem especialização nem filtragem. As pessoas aprisionadas pelo ego, encerradas em seus conceitos, limitadas por seus apegos não têm nenhuma idéia da qualidade e do poder da presença desperta, embora a base de seu ser seja precisamente essa presença arrebatadora.

Não quero apenas estar presente, mas “PRESENTE”. A palavra deve ser gritada com força, bem alto, para marcar a intensidade da presença possível.

Proteja seu espírito dos venenos. Viva em plena consciência. Seja feliz. Quando o veneno chegar, abandone-se e se volte para a canção dos sentidos.

Vigie o espírito: é ali que se decide a qualidade do instante.

Cada instante é sagrado porque é um instante de vida. Porque a vida é esse instante. Portanto, tudo o que povoa o instante é sagrado, assim como tudo o que conduziu a esse instante, mesmo o sofrimento, mesmo as causas do sofrimento.

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy


[ Texto dedicado a um grande amigo. "Champz", essa é tua, parceiro! ]

O pensamento e o instante


Nem os pensamentos nem as emoções representam o que quer que seja. Eles são.

Passado e futuro só existem nos pensamentos presentes. Acreditar no futuro e no passado (aqueles que nossos pensamentos produzem: não há outros) é manter-se ainda na ilusão de seus pensamentos. Esteja atento à qualidade de seus pensamentos agora. Só o instante existe e a qualidade da vida é a do presente.

Só podemos ter um pensamento por vez. A comparação entre dois pensamentos, o julgamento ou a lembrança de um pensamento é ainda outro pensamento. Quando somos tomados por um pensamento, ele parece ser o mais importante, o mais urgente. Mas logo em seguida esse mesmo pensamento dá lugar a outro, de tal modo que nenhum pensamento é importante.

Os pensamentos que nos parecem “importantes” e os sentimentos que nos parecem “vivos” em determinado instante passam para segundo plano ou são esquecidos no instante seguinte. Observar esse processo incessante de aparecimento e desaparecimento, de entrada em cena e de retorno à sombra, deveria ajudar-nos a não acreditar na importância do que quer que seja e a perceber que nosso espírito está continuamente construindo e destruindo essa importância.

Nada é absolutamente bom, até mesmo o melhor pensamento: ele poderia nos fazer perder o instante.

A maioria dos “pensamentos” vem do automatismo mental. O verdadeiro pensamento, o pensamento nobre, é percepção direta, contemplação, presença, criação, ação sobre si, envolvimento profundo, transformação do ser. O pensamento nobre jamais é julgamento. Sabemos que realmente pensamos quando percebemos diferente,quando um espaço se abre.

Só os pensamentos felizes são pensamentos verdadeiros. Não estou falando das verdades “objetivas”, “universais”, “científicas”, mas sim das verdades existenciais, emocionais, da verdade das situações. Os pensamentos verdadeiros não são nem evasivas nem subterfúgios. Eles olham a vida de frente, aqui e agora. Os pensamentos verdadeiros são percepções.

A maioria dos pensamentos tece um véu que nos separa do mundo e de nós mesmos. Eles desviam nossa atenção do que acontece aqui e agora. Impedem-nos de sentir. Tentamos escapar da experiência direta do grande fluxo porque tememos renunciar à solidez ilusória de nosso eu e do mundo “exterior”. No entanto, por trás do borrão dos pensamentos, conceitos, preconceitos e de todas as formas de loquacidade mental brilha a luz do despertar.

Para orientar nossa existência, é preciso saber discernir. Para saber discernir, temos de aprender a ver as coisas tais como são. Para ver as coisas tais como são, é preciso cessar de projetar nossos estados mentais no mundo. Para cessar de projetar, devemos nos conhecer. Para nos conhecer, precisamos ser nosso próprio amigo. Para ser nosso próprio amigo, esforcemo-nos para acolher com carinho todos os pensamentos. Para aceitar todos os pensamentos, paremos de distinguir entre os bons e os maus. Se quisermos sinceramente cessar de distinguir entre os bons e maus pensamentos, temos de meditar com constância e disciplina. Para meditar, é preciso distinguir, sem julgar, entre a plena consciência do instante e a fuga nos pensamentos. Nesse estágio, o problema de se orientar na vida não mais se apresenta. Moramos desde sempre no coração da existência.


Jamais nos atemos ao tempo presente. Antecipamos o futuro, algo demasiado lento por vir, como para acelerar seu-curso; ou nos lembramos do passado, a fim de detê-lo tão rápido nos parece. De tão imprudentes vagamos nos tempos que não são nossos e deixamos de pensar no único que nos pertence. E de tão vãos, pensamos nos tempos que nada são e escapamos, sem refletir, do único que subsiste. É que o presente, de costume, nos fere. Ocultamo-lo da visão porque nos aflige; e se nos é agradável, lamentamos vê-lo escapar.
Esforçamo-nos para sustentá-lo através do futuro, e projetamos coisas que não estão em nosso poder num tempo que não sabemos se irá chegar. Se cada um. examinar seus pensamentos, irá encontrá-los todos ocupados no passado ou no futuro. Quase nunca pensamos no presente; e se nele pensamos é só para extrair-lhe a luz e dispor do futuro. O presente jamais é nosso fim: passado e presente são nossos meios; só o futuro é nosso fim. Assim, nunca vivemos, mas sim esperamos viver. E nos dispondo sempre a ser felizes, acabamos por nunca sê-lo.
Pascal

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy

20 de agosto de 2013

O amor


Adotando um comportamento tranqüilo, você suaviza o mundo. Como tudo começa por seu estado de espírito, treine para atingir a tranqüilidade de seus pensamentos. Seguindo o fio da suavidade, você acabará encontrando o amor.

Aquele que nunca conheceu o amor, dificilmente distinguira o amor da dependência.

O amor que faz mal só é amor no nome. Seja presente! Sinta!

O amor não promete. O amor não faz esperar. O amor não propaga o calor nem o frio. O amor é bom logo de início, o tempo todo.

O amor é totalmente estranho às relações de força, ao exercício do poder, à perseguição de um interesse.

Quer saber a diferença entre o amor e a sua caricatura? O amor é libertador, tanto para quem ama quanto para quem é amado. Você consegue perceber se ele o escraviza sutilmente, adula o seu ego, entorpece o fardo de viver? Há uma fatura a pagar? Então, não estamos falando de amor.

Amar sem ser amado é escolher não se amar, deixar o não-amor entrar em sua vida. Amar alguém que lhe faz mal é fazer deliberadamente mal a si próprio.

Quanto mais nos relacionamos com o outro, mais nos relacionamos conosco mesmo. Se assim não for, não se trata de amor, mas de alienação, dependência, rebate de egos.

Amar não quer dizer ser gentil, dar presentes, fazer o que o outro pede, imitar o amor, querer se refletir no outro, apegar-se a alguém que alimenta nosso ego, querer salvar o outro, etc. É o amor pleno, o coração que arde, só ele, a fonte de todo conhecimento.

Que extraordinária segurança nos dá o sentimento de amar e ser amado! De estar em contato, de alma para alma com alguém! De não estar mais só! Ter essa experiência permite encontrar-se consigo mesmo, amar a si mesmo. Ter essa experiência consigo próprio permite encontrar o outro nessa mesma condição.

As crianças brincam. As crianças vivem no instante. As crianças participam da dança cósmica. As crianças amam sem contrapartida. Os amantes são crianças.

Qualquer que seja a relação em que você se envolva, que seja o amor o seu único motivo.

Você só pode saber quem é se tiver sido amado.

O que significa “ter sido amado”? Significa que seus pais e aqueles que lhe eram próximos dirigiram-se a você como alma. Que você foi iniciado na dança cósmica. Que foi amado incondicionalmente (não há outra forma de amar).
Que a afeição espontânea que você tem por seus próximos não foi utilizada para alimentar o ego, o narcisismo, o medo, a culpa, ou a dor deles. Em uma palavra, você recebeu quando criança o espaço necessário para identificar a luz de sua alma? Ou, ao contrário, aprendeu a formar um ego complementar ao de seus pais?

Se concluir não ter sido amado, inútil alimentar acusações, reprovações e ressentimentos sem fim. O único remédio, o remédio soberano, é amar a si mesmo.

Em vez de se condenar, dê a seus pensamentos, suas intenções, seus atos, a melhor interpretação. Sinta o amor que impregna todos os aspectos de sua subjetividade. Pare de se odiar. Você é bom. Pare de se julgar. Você é inocente.

Ame-se tal como é. Ame-se desde já.

Se você não se ama, como pode querer que os outros o amem? Será que pode lhes pedir para amar alguém que você não ama? Ninguém em sã consciência poderia segui-lo. Você só atrairia loucos...

Quando Você passa a se amar, tem muito menos “necessidade” do amor dos outros, pois a partir de então você é amado(a)! Amando-se, sendo amado(a), você não se jogará mais nos braços de qualquer um para fugir da solidão. Porque você se ama, sabe o quanto é precioso(a), e quer o seu próprio bem. Só assim será capaz de escolher, escolher de verdade, alguém que você ama e que o(a) ama.

Quem não se ama usa os outros para preencher as próprias deficiências, busca um ego complementar ao seu.

Só podemos amar os outros de verdade se nos amamos.

Amar-se, amar-se de verdade, não em abstrato, em geral, porque é preciso, mas amar-se com amor, tal como se é, com os detalhes de seu corpo e de seu caráter; não com um apego narcisista, mas com o amor da alma e que se dirige à centelha. Amar-se não é perguntar ao espelho se sou a mais bela, isso não é amar, amar com o coração.
Olhar para a própria imagem é viver no terror da derrota. O amor não quer que você corresponda a um ideal, o amor não é orgulhoso, não despreza os outros. O amor é muito simples: o amor não quer que você sofra.

Quando perceber que está sempre se debatendo contra si mesmo, que é a si próprio que você não ama quando detesta o outro, então tenha compaixão por si mesmo. Sinta o sofrimento que se esconde por trás de sua cólera, sua reivindicação, seu ressentimento. Sinta a falta de amor. E esse amor que tanto falta, ofereça-o. Primeiro, ofereça- o a si mesmo. Compreenda-se, perdoe-se, ame-se. Depois dê também esse amor ao outro. Aquele ou aquela que está justamente na sua frente. Ame o próximo como a si mesmo.

“Ame o próximo como a si mesmo.” Nem sempre entendemos o sentido dessa fórmula: você deverá amar o próximo na exata medida em que ama a si mesmo. Como a si mesmo. Não é uma injunção autoritária: “Ame o próximo como a si mesmo!” É o enunciado de uma relação imutável, quase matemática entre o amor de si e o amor do próximo: você sempre amará o próximo como ama a si mesmo. Se você se ama mal, assim o amará. Quanto mais for capaz de se amar, mais será feliz, e melhor poderá amar o próximo. Você é o mais próximo de todos os seus próximos.

A observação microscópica dos pensamentos revela que fazemos constantemente, embora quase inconscientemente, um julgamento negativo de nós mesmos, de nossas ações, palavras e de nossos pensamentos. É difícil parar de se julgar, parar de sofrer, se amar porque o denegrimento de si é um reflexo íntimo do espírito. O amor requer um descondicionamento enérgico, intensivo e prolongado. Devemos até mesmo abandonar a idéia de que nos é difícil amar.

O ego quer expandir-se por toda parte. Sofrimento gera sofrimento. Amor desperta amor. Só o amor compreende o amor e revela o amor a si próprio. O amor ama os seres tais como são.

Os moralistas têm razão de sublinhar que o amor-próprio forma o motivo quase exclusivo de nossos pensamentos, palavras e atos. Mas esquecem de assinalar que o “eu”, objeto de nosso amor, pode ter duas caras bem diferentes. Um primeiro “eu”, separado do mundo, mentiroso, sedutor, agressivo, narcisista, ciumento, cobiçoso, assustado ou envergonhado. E um segundo, mais vasto e mais verdadeiro, que envolve o mundo. Podemos escolher nosso amor-próprio.

A Terra sustenta tudo o que tem vida, o Sol ilumina sem distinção a infinita variedade dos seres. Quando você tiver se reconciliado consigo mesmo, terá também se reconciliado com todos os seres. Tudo o que você odeia no inundo é aquilo que não consegue suportar em si mesmo. Quando tiver se reconciliado com seu próprio ego, seu próprio sofrimento, sua própria insensibilidade, então poderá amar o mundo com um amor universal.

Ame-se, e o Céu o amará.

Você teme ficar sozinha e, no entanto, está sempre acompanhada do ser divino. Teme a solidão e, no entanto, você poderia ser sua melhor amiga. Essas duas frases têm exatamente o mesmo sentido.

Nossa felicidade só depende de nós porque ser feliz é amar a si mesmo.

Amar a si mesmo, muito bem! Mas quem é “si”? Não podemos nos amar se não nos conhecemos. Ora, só podemos nos conhecer se tivermos sido amados.

Conhecer-se é distinguir o si (a luz do instante que envolve o mundo) do ego (a imagem que encobre os mecanismos do sofrimento e que se faz passar por nós).

No momento em que nos conhecemos como centelha do fogo divino, passamos a nos amar. Não podemos nos conhecer sem nos amar.

O amor é o sol das almas.

Amar o outro é reconhecer e querer que o mundo do outro seja belo. Como todos os mundos se implicam reciprocamente, o amor consiste em reconhecer e querer que o mundo seja belo. Ora, nós somos o mundo. Amar, então, é viver unicamente da vida da alma. Também vale dizer que não devemos nos agredir nem tampouco agredir o outro: trata-se sempre de nosso mundo. Quando percebemos a unidade da alma e do todo no presente, é impossível não amar.

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É impossível compreender seja o que for sem compreender a beleza.

Se não há distinção entre si e o mundo, odiar alguém é o mesmo que odiar a si mesmo. O ser alerta ama absolutamente todo o mundo porque está em paz consigo, com o instante, porque tudo está exatamente tal como é, porque não espera nada de mais ou de melhor, porque não compara aquele que encontra com o que deveria ser. Seu amor e sua compaixão irradiam sobre todos porque não há “pessoas”, mas apenas o instante. Ele sente a beleza do instante. Ele é o instante. Não é preciso fazer nenhum esforço para amar os outros.

O supremo conhecimento, aquele que faz ver que a vida tem um sentido, o conhecimento que é exatamente o conhecimento de Deus é a experiência do amor, da ternura e da compaixão incondicional.

Ter sido profundamente amado, ou amar-se integralmente, sem julgamento, permite amar outros seres, irradiar sobre eles o amor que recebemos de Deus, do Deus que se ama dentro de nós.

Uma alma salva (amada, amante, radiante) pode despertar outras almas. Essa corrente de amor, essa propagação de ternura entre os seres é a única e verdadeira religião.

Deus não é um ser nem uma substância. Deus é a plenitude das relações de amor.

Honre em cada ser o amor que o faz nascer a cada instante.

Amar, amar de verdade, incondicionalmente (e amar a si mesmo no mesmo movimento), tal o significado de “conhecer”. Fora do amor verdadeiro, profundo, terno, sincero, incondicional, espontâneo, não há nenhum conhecimento do ser, da vida ou de Deus. O amor é conhecimento porque sem amar e sem ser amado não há maneira de orientar a vida. O amor é o pólo magnético e a bússola. Quem dele não dispõe está totalmente perdido. A experiência do amor é a luz e a visão. Quem dela é privado vive nas trevas. O amor é a fonte, o centro, o ponto de apoio absoluto de todo conhecimento, a referência última.

Saber, no sentido mais fundamental, é experimentar, encontrar, conhecer o gosto e a textura do amor.

Só conhecemos se amamos.

O amor se sente, como a luz. Amar e conhecer são exatamente a mesma dilatação da luz.

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy

Um só coração para todos os humanos


A raiz do mal é uma espécie de preguiça de existir e de sentir. Um pavor de entrar em contato com a própria luz. Uma fuga do instante. Querer fugir do momento, ou manipular a existência, adquire duas formas lógicas: desejar o que não se tem e rejeitar o que se tem. Eis os dois venenos do espírito: a cobiça e a agressão, o desejo e a cólera.
Mas note que ambos decorrem do veneno original, o “primeiro motor” do mal: a intenção de se ausentar, a recusa de sentir o que se tem presente. É em consequência dessa recusa que começamos a ler as energias da vida como irritação e falta, problemas a resolver, e que a existência passa a ser uma corrida desvairada fora do instante, uma sede infinita, um querer viver que nada mais é do que um querer morrer. E assim nos tornamos mortos-vivos.

A cobiça e a agressão resultam de uma só intenção: a de fugir do sofrimento.

Só paramos de (nos) fazer mal, se (nos) sentimos.

Se nos identificamos com nossa sensibilidade no instante, abrandamos ao mesmo tempo nossa cobiça por todos os objetos. Com efeito, o cobiçoso imagina que será saciado pelo objeto de seu desejo, mas, no instante (isto é, na realidade), ele é torturado pela sensação de falta. Em vez de sentir que está se prejudicando, ele espera. Não percebe que a esperança é um veneno.

Se sentimos, ficamos conscientes, somos capazes de ver, não ficamos, portanto, ameaçados, nem precisamos ser agressivos. Mas o insensível, por causa de sua anestesia, vê-se no escuro, não sabe, não sente o que o atinge. Tem medo, e é por isso que tudo o irrita. Na realidade, é o próprio medo que o faz sofrer.

A insensibilidade, a indiferença, a anestesia representam a pobreza absoluta, já que anulam todas as riquezas. A ausência transforma tudo o que toca em chumbo. A sensibilidade e a abertura, por sua vez, são a riqueza absoluta já que exaltam e dão sentido a todas as outras riquezas. O amor transforma tudo o que toca em ouro.

Só sofremos de uma coisa: da incapacidade de amar.

Não ser capaz de amar, isto é, de amar a si mesmo, de amar o instante, de amar o mundo e os outros tais como são. É porque “não amamos” as coisas tais como são que nos dedicamos à cobiça e à agressão.

O que é um malvado? Uma pessoa que não ama ninguém. É porque não ama que faz os outros sofrerem. É porque não se ama que não ama ninguém. Quando nós, pessoas comuns, amamos isto e não aquilo, estamos amando apenas uma parte de nós mesmos, e esse desequilíbrio nos envolve numa queda sem fim.

Amar, ser compassivo, é sofrer do que o outro sofre. O malvado foge do sofrimento, não quer sentir. Foge assim do sofrimento do outro. É por isso que pode lhe fazer mal. A insensibilidade, ou a indiferença, é a essência da maldade, assim como a de todos os males.

Não amar, fazer sofrer, sofrer, eis a condição do insensível, daquele que foge justamente da própria sensibilidade para não sofrer!

Amar é o verdadeiro prazer. Estar na terra e caminhar sem conseguir amar é o sofrimento supremo. Os malvados sofrem por não amar. Sofrem por fazerem mal.

Odiar é um sofrimento em si. Ser insensível é o pior dos sofrimentos, é ser um morto-vivo, não saber apreciar as coisas tais como são, não desfrutar da vida no que ela tem de mais maravilhoso: o amor.

Os malvados, os arrogantes, os orgulhosos estão tão longe da alma! Seus corações estão debaixo de um bloco de concreto. Como eles sofrem!

O maior sofrimento é estar fora da luz, fora do amor, da sensibilidade. O maior sofrimento é ser malvado. É, portanto, pelos malvados que devemos ter mais compaixão.

O desejo de jamais fazer sofrer, nem você nem os outros, o amor universal, eis o despertar, o fim do sofrimento.

O paradoxo está no fato de que o fim do sofrimento passa pelo despertar da sensibilidade, pelo desenvolvimento da compaixão, isto é, pela abertura ao sofrimento e à alegria universal.

Os sábios não se servem dos loucos para sofrerem. São compassivos e não vítimas. É justamente por serem sensíveis que não se prendem facilmente às armadilhas dos insanos. Estas só mordem as carnes anestesiadas.

Pouco me importa que você seja vencedor. Pouco me importa que você seja sábio. Pouco me importa que você tenha razão. Pouco me importa que você seja rico, poderoso, célebre ou que colecione títulos. Meu coração quer encontrar o seu coração.

Tantas pessoas mentiram para nós. Mentimos tanto também. Tudo o que construímos com palavras estava errado pois não era o coração que falava.

Aceite ser só sensibilidade. Toda sensibilidade. Só poderá conquistar o sofrimento se dele parar de fugir.

Você ainda tem de progredir na exposição, na abertura, no desnudamento de seu coração.

A meditação nos ensina a ser só sensibilidade.

Desenvolvendo a sensibilidade que temos por nós mesmos, aprendemos a nos conectar com a alma, a nos amar. Sentimo-nos ser.

Deus é a sensibilidade porque Deus é o ser. Estando continuamente atentos à delicada sensibilidade do corpo e do coração, a cada segundo, aprendemos a nos unir a Deus e a todos os seres.

Quanto mais somos sensíveis, mais nos tornamos sensíveis aos outros. No limite, o despertar da sensibilidade nos faz ver claramente a interdependência e a confluência de todas as sensibilidades. Ela nos conduz necessariamente ao amor universal. Participamos todos da mesma luz, do mesmo amor, da mesma sensibilidade impessoal.

Somos todos vítimas dos venenos do espírito que obscurecem o espírito de uma pessoa. Somos todos beneficiários do despertar que uma pessoa atinge. Porque não existe senão uma única luz.

Há duas maneiras de encarar a interdependência e a relação recíproca. De fora, pelas considerações ecológicas, econômicas ou sistêmicas. De dentro, pela sensibilidade à sensibilidade, pela compaixão, pela experiência que participamos todos da mesma luz. Pelo amor.

Só há um único sofrimento, um só coração que arde: o Sagrado Coração de Jesus, o coração de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da compaixão. Um só coração dilacerado por toda a humanidade, que sente todos os sofrimentos, que experimenta o único e supremo sofrimento de todos os seres. Nossos corações são fragmentos deste último. Juntos formam um só coração. Temos todos o mesmo coração.

Somos compassivos, sensíveis ao sofrimento do outro. Somos tão sensíveis à sua sensibilidade quanto somos sensíveis à nossa, porque, e só porque, somos sensíveis à nossa. Então, o outro e “si” somos um só, intercambiáveis. Eis o amor. Existe uma profunda continuidade entre todos os seres sensíveis. As sensações morrem e renascem, os pensamentos morrem e renascem, o ego morre e renasce.
Mas a mesma sensibilidade atravessa todas as vidas, todas as existências e não morre. Partilhamos todos da mesma luz: “sentir-se viver” e, em seu brilho, nenhum ser morre realmente. Quanto à continuidade essencial de tudo o que vive e sente, os limites de “si” são ilusórios. O outro sou eu. Eis o amor. A luz onde se alimenta toda consciência, toda sensibilidade, também é o amor infinito, já que, por ela, a grande corrente da vida é indivisível, por ela, todas as sensibilidades confluem: cumpassion. É o próprio princípio da existência: eis o amor.

Do centro ardente de seu coração espalhe alegria e felicidade a todos os seres sensíveis. Mas nem por isso vá se esquecer de lavar a louça.

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy

A emoção, o toque da alma


Sinta suas emoções negativas, porque elas são os sinais que o permitem proteger-se e dirigir sua vida. Para fazer uma analogia com a esfera do corpo, se você não sentisse dor, se passasse o tempo se anestesiando, correria o risco de se queimar, se cortar, acabar terrivelmente estropiado. Ora, isso é exatamente o que costuma acontecer na esfera da alma. Você está gravemente doente porque passa o tempo fugindo, negando, evitando a dor de todas as maneiras possíveis. Se quer que sua alma esteja inteira, deve se reeducar a sentir: “Ali dói! Sinto-me...humilhado, frustrado, tenho medo, estou com raiva, triste, tenho dificuldade, estou com muita inveja, odeio, etc.”

Não tente compreender as emoções. Contente-se no momento de reconhecê-las e provar plenamente a maneira como elas ganham corpo: garganta fechada, crispação da nuca, dor no peito, no ventre, sensação de opressão, náusea, dor de cabeça, coração batendo, enrubescimento, palidez, fadiga, abatimento. A lista não é finita. Você também pode lhes dar um nome: medo, frustração, tristeza, ódio, culpa, inveja, etc.

Só quando a sensação é reconhecida, provada, sentida, observada, estudada em suas manifestações físicas, sem que o pensamento escape do aqui e do agora da sensação, só quando esse trabalho é realizado é que você pode deixá-la partir. Então, só então, a sensação cumpriu sua função mensageira. As emoções, não os discursos que querem impor sobre você, nem aqueles aos quais você se apega, só as emoções, como eu dizia, sãos os melhores informantes sobre sua vida, o mundo que o cerca, aquilo que você deve fazer e sobretudo evitar fazer.

Observe com atenção as emoções que as pessoas ao redor suscitam em você. Que isso o ajude a escolher suas relações, seus amigos, seus amores.

Enquanto fugimos instintivamente da dor física (quem deixa a mão em cima de uma chama por muito tempo?), deixamo-nos queimar com pensamentos torturantes. Você sabe em que estado está sua alma? Não tanto para que já tivesse adquirido e treinado pacientemente sua sensibilidade às emoções, sua presença atenta ao sofrimento. Não se foge instintivamente da dor moral. Isso se aprende.

Aprenda a identificar suas quedas íntimas, seus encantos fatais, seus reflexos maléficos, suas partes mortas, suas zonas anestesiadas. Depois comece a se reeducar. Ninguém pode fazê-lo em seu lugar. Ninguém pode sentir por você.

A emoção é nossa interface com o mundo. Se nossa alma tivesse pele, seu toque seria a emoção.

A armadura que você veste sobre a alma a fim de protegê-la de eventuais golpes também está protegida de qualquer afago.

Os ferimentos são nossas maiores riquezas. Eles mantêm aberto o caminho para o coração.

Quando você congela o coração com medo de vê-lo sofrer, deixa-o morrer para a alegria. Não se transforme em um morto-vivo!

A insensibilidade ao sofrimento provoca a morte da alma.

Quando deixamos de viver as emoções, passamos a projetá-las, a nos iludir, a nos perder na confusão.

Quando negamos ou fugimos do sofrimento, quando abdicamos de nossa lucidez, quando nos anestesiamos, o diabo exibe a ponta de sua cauda.

Os condenados só queimam no inferno porque suas almas já nada sentem.

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy

Sentir


Uma onda arrebenta. Ela se dissipa em mil ondinhas, que, por sua vez, são encrespadas por mais outras mil microondinhas. Explode em miríades de gotas onduladas que refletem o desabamento da onda, uma fração de segundo — cada uma sob um ângulo diferente. A onda é, ela própria, uma ondinha da imensa onda da tempestade que contém milhares de ondas. Onda de ondas nas ondas. Onda de formas vivas, onda de povos e pessoas, onda de emoções e pensamentos. Abundância do mundo, magia dos fenômenos, a cada segundo.
Até mesmo os pensamentos são mágicos. As emoções, elas também, nascem, sobem, arrebentam, se dispersam e se reverberam para de novo aparecerem idênticas e diferentes. Contemple suas emoções, tristes ou alegres, como contemplamos o mar, como sentimos o vento. Os pensamentos só são venenosos se, em vez de prová-los, lhes obedecemos.

Viver as emoções significa provar bem clara e lucidamente, e nos mínimos detalhes, os acontecimentos de nossa experiência como ondas transitórias no fluxo da existência. Não acreditar um segundo sequer na realidade dos objetos que imaginamos suscitar essas emoções, nem na realidade do sujeito que deve experimentá-las. Diante de miríades de acontecimentos mentais, podemos congelar coisas, pessoas, significações, valores, um “eu”, e nos manter firmes no sofrimento. Mas podemos também, se seguíssemos o encadeamento apropriado, abandonar-nos lucidamente ao fluxo, à variedade das energias, ao caráter climático e instável da experiência.

Prefira sentir a textura, a qualidade, a intensidade das emoções a acreditar no que elas lhe representam. A emoção é perfeitamente real. O elo da emoção com seus objetos é que é ilusório. Você efetivamente deseja, mas não tem, de fato, necessidade do alvo particular de seu desejo. Está sem dúvida irritado, mas o objeto da irritação não é sua causa. Ao sentir a emoção, você está presente. Ao acreditar que ela o representa, fica preso na armadilha da ilusão, sonha, se ausenta.

No lugar de fugir do sofrimento, você pode senti-lo como uma energia. Do mesmo modo, tudo o que entra em seu mundo pode ser percebido como uma qualidade de energia em vez de um objeto de que se quer apropriar, rejeitar ou ignorar. Não há nem bem nem mal, nem belo nem feio. Cada ser, cada acontecimento interno ou externo é um comprimento de onda, uma freqüência, uma cor do espectro.

Durante muito tempo confundi o recalque com o autocontrole.

Quando o sofrimento aumenta, sinta-o aumentar. Quando a dor vem, deixe-a vir.

Sinta suas emoções aqui, agora, no presente. Não as reprima, não tente escapar delas, tampouco passe ao ato automaticamente. Isso seria mais uma tentativa de fuga.

Sinta a emoção integralmente. Permaneça nela. Não se refugie no pensamento (Não se pergunte por que ela dói, de onde vem, o que dói exatamente, como poderia parar, etc). Não aja para fugir da emoção (A maioria dos atos estúpidos acontecem quando fugimos de uma emoção desagradável: agredir para não sentir a raiva, pegar para fugir da cobiça ou do sentimento de falta, atordoar-se para esquecer da dor, etc).

Cruzo com um cachorro na rua. Tenho, em geral, medo de cachorro. Mas em vez de me deixar tomar pelo medo, acreditar em meu pensamento de medo e torná-lo real, posso reconhecer o medo como um pensamento apenas. Então, no lugar de tornar-me prisioneiro do medo, passo a observá-lo e prová-lo. Imagino que o cachorro virá me cheirar as panturrilhas, depois me morder. Sinto o medo como uma emoção rica e interessante, ao passo que teria podido sofrer de um medo que quer sempre parecer “objetivo”, “real”. Se em vez de dar crédito às nossas emoções, as observássemos com atenção, elas perderiam o poder que têm sobre nós. Não nos dariam mais medo (mesmo o medo não nos daria mais medo) e poderíamos acolhê-las, sem julgá-las nem reprimi-las. Quando deixamos de nos identificar com as emoções e com os pensamentos que julgamos, paramos de nos julgar. Quando paramos de nos julgar, fica mais fácil não mais julgar os outros, compreendê-los e ter uma atitude amigável em relação a eles. Ficamos livres para a percepção da beleza do mundo e do prazer de ser. Podemos provar as texturas da existência. Inclusive o medo.

Sinta as emoções positivas. Sem forçá-las, dê espaço para que possam emergir, aqui e agora, por quase nada. Um sopro de ar fresco, o encontro de um amigo, o choque de uma paisagem, a eclosão de uma idéia, um trago de vinho, o simples fato de viver e respirar. Isso não quer dizer que devamos esconder o rosto diante do mal ou da mediocridade da existência, mas, ao contrário, que podemos provar o que há de bom em cada situação. E sempre há algo de bom.

Não fuja das emoções positivas — o amor, a alegria, a ternura, o reconhecimento —, porque elas são o sal da vida, a felicidade. Deixe-as crescer, desabrochar, prove-as. Com grande freqüência, mais do que vivê-las no presente, costumamos nos lembrar delas no passado, ou então projetá-las no futuro, esquivá-las na corrida, escamoteá-las na precipitação, afogá-las em infinitas preparações, neglicenciá-las na distração. Depois, mais tarde, arrependemo-nos de não ter aproveitado o momento de prová-las plenamente. E é assim que passamos ao largo da vida.

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy

A sabedoria que anda atrás


Eis a condição humana: somos sozinhos, perdidos, temos dor e uma imensa necessidade de amor. Todo o resto é construção artificial.

Sofremos porque somos sensíveis.

A irritabilidade é própria de todos os seres sensíveis. Para não mais sofrer deveríamos nos entorpecer, nos anestesiar, nos transformar em mortos-vivos. Uma atenção elevada e bem exercida em nossas sensações físicas e estados de espírito nos convence bem rápido de que o sofrimento é constante. Ou somos presa de um malestar físico ou mental, ou, perfeitamente satisfeitos, gozamos de uma sensação de bem-estar. Mas o medo da dissolução mina secretamente a sensação agradável. Quanto mais nos satisfazemos, mais nos habituamos ao prazer e mais dependemos dele; um vício que acaba trazendo mais preocupações, temores e sofrimentos sem fim. 
Somos todos drogados à nossa maneira. É justamente por causa do caráter permanente do sofrimento (ainda que ele se manifeste com cara e intensidade bem variada) que temos tanta dificuldade de viver o instante: se estivéssemos plenamente presentes, nos confundiríamos com nosso sofrimento, com o sofrimento de todos os seres sensíveis.
Fugimos do sofrimento presente, corremos atrás dos supostos prazeres que estão por vir, ausentamo-nos perpetuamente. Acreditamos evitar o sofrimento, insensibilizando-nos de mil maneiras. No entanto, só poderíamos dominá-lo, estudando-o, e só podemos estudálo, recuperando nossa sensibilidade fundamental.

Não decidimos seguir o caminho espiritual para suprimir o sofrimento, tornar-nos invulneráveis. O que encontraremos no fim da viagem não é uma felicidade sentimental e paradisíaca, a vida transformada em parque de diversões, aquela bondade típica de desenho animado. Decidimos trilhar essa vereda para viver a verdade da vida, estar presente no mundo, estar aí. Escolhemos esse caminho para nos tornar sensíveis, humanos, compassivos.

Quanto mais abrimos o coração, mais sentimos o sofrimento (o nosso e o dos outros: só há um) e menos alimentamos os mecanismos que o sustentam. 

Se os carrascos fossem sensíveis, não poderiam cometer seus crimes. A insensibilidade provoca tudo aquilo que nos assombra na espécie humana.

Ao dirigir o feixe de nossa atenção para o mundo interior, descobrimos o imenso universo da sensibilidade. Passamos a conhecer essa enorme massa viva, ultra-sensível, irritável e terna que é o coração. O medo de sofrer, a esperança do prazer, os pensamentos do ego formam a compacta carapaça que recobre essa carne esfolada. Mas sob o couro do ego, desnudamos o tesouro que estava ali desde sempre, a requintada delicadeza da alma, a inteligência do coração, mais fina e precisa do que qualquer conceito imaginável.

Não olhe para o que você vê. Sinta o que a visão faz no seu coração.

Os conceitos nos separam do instante, do fluxo permanente das sensações. São construídos pelo medo de sofrer. Afastando-nos de nossa experiência, os conceitos nos extraviam. Motivados pelo temor, eles são ilusórios. Por serem ilusórios, nos fazem sofrer.

Para reconhecer a cobiça e a agressão, em si e nos outros, pare de pensar e comece a sentir.

Eis as duas sabedorias. Uma, que anda na frente, a consciência triunfante, a luz que tudo ilumina impiedosamente, a inteligência discriminante que faz explodir a menor pretensão do ego. E a outra, que anda atrás, a sabedoria que cresce lentamente com o desenvolvimento da alma, da sensibilidade, da intuição, do toque compassivo do coração, a sabedoria que floresce sobre o cadáver em decomposição do ego; quando não tememos mais o sofrimento, quando os mil detalhes da dor passam a ser nossos melhores informantes, quando a sede de prazer e segurança pára de velar a beleza, a profundeza e a sutileza infinita da alma.

O coração terno, ou a vulnerabilidade, é o centro da generosidade, da compaixão, do despertar, da santidade. É também a verdadeira fonte da inteligência. Todo ser humano possui essa fonte, mas nenhum deles sabe que aquilo que há de mais precioso nas jóias está também no que elas têm de mais simples.

Diz-se na tradição cristã que aqueles que têm o poder de sentir integralmente o seu sofrimento e o dos outros — de senti-lo a ponto de chorar por ele — têm o “dom das lágrimas”. Só grandes santos e santas tiveram esse dom, tão maravilhoso quanto a graça do sorriso.

A base da sabedoria, a inteligência do coração, a grande sensibilidade nada mais é do que nossa própria vulnerabilidade, tão humilde e ordinária, mas que, se decidimos escutá-la e louvá-la, pode ofuscar o brilho de milhares de sóis reunidos.

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O Fogo Liberador - Pierre Lévy