9 de setembro de 2013

O esforço


Para se experimentar a verdade, não é necessário esforço algum. As pessoas estão acostumadas a se esforçarem em tudo e supõem equivocadamente que seja impossível experimentar a verdade sem esforço.

Podemos precisar de esforço para ganhar o pão de cada dia, para jogar uma partida de futebol ou para carregar um fardo bem pesado, porém é absurdo pensar que também precisemos de esforço para experimentar ISSO que é a verdade.

A compreensão substitui o esforço quando se trata de atingir a verdade escondida intimamente no fundo secreto de cada problema.

Não precisamos de esforço algum para compreender todos e cada um dos defeitos que levamos escondidos nos diferentes terrenos da mente.

Não precisamos de esforço para compreender que a inveja é uma das mais potentes molas da máquina social. Por que muita gente quer progredir? Por que tanta gente quer ter bonitas residências e carros elegantíssimos? Todo mundo inveja o bem alheio. A inveja é pesar pelo bem-estar alheio.

As mulheres elegantes são invejadas pelas outras menos elegantes e isto serve para intensificar a luta e a dor. As que não têm querem ter e até deixam de comer para comprar roupas e adornos de toda espécie com o único propósito de não serem menos do que ninguém.

Todo paladino de uma grande causa é mortalmente odiado pelos invejosos. A inveja do impotente, do vencido, do mesquinho, disfarça-se com a toga do juiz, com a túnica da santidade e do mestrado, com o sofisma que se aplaude ou com a beleza da humildade.

Se compreendermos de forma integral que somos invejosos, logicamente a inveja terminará e em seu lugar aparecerá a estrela que se alegra e resplandece pelo bem alheio.

Existe muita gente que quer deixar de cobiçar, mas cobiçam não ser cobiçosos. Eis aqui uma maneira de cobiçar.

Existem homens que se esforçam para conseguir a virtude da castidade, porém quando vêem uma mulher bonita na rua já soltam seus galanteios. Se a reação for amistosa, não deixarão de homenageá-la com belas palavras, de admirá-la, de elogiar-lhe suas boas qualidades, etc. O fundamento de toda essa liberalidade encontra-se nos impulsos secretos da luxúria subconsciente, tenebrosa e submersa.

Quando sem esforço algum compreendemos todas as manobras da luxúria, esta fica aniquilada e nasce em seu lugar a imaculada flor da castidade.

Não será com algum esforço que poderemos adquirir estas virtudes. O eu fica robustecido quando se esforça em adquirir virtudes. O eu fica encantado com as condecorações, as medalhas, os títulos, as honras, as virtudes, as boas qualidades...

Contam as tradições gregas que o filósofo Arístipo, querendo demonstrar sua sabedoria e modéstia, vestiu-se com uma velha túnica cheia de remendos e furos. Empunhou o báculo da filosofia e foi-se pelas ruas de Atenas. Quando Sócrates o viu chegar em sua casa, exclamou: Ó, Arístipo! Vê-se a tua vaidade através dos furos de tua roupa!

Os pedantes, os vaidosos, os orgulhosos, julgando-se muito humildes, vestem-se com a túnica de Arístipo. A humildade é uma flor muito exótica. Quem se presumir de humilde, estará cheio de orgulho.

Fazemos muitos esforços inúteis na vida prática cada vez que um novo problema nos atormenta. Apelamos ao esforço para solucioná-lo. Lutamos e sofremos, porém a única coisa que conseguimos é fazer loucuras e complicar mais e mais a existência.

Os desiludidos, os desencantados, aqueles que já nem querem mais pensar, aqueles que não conseguiram resolver um problema vital, encontram a solução quando sua mente fica serena e tranqüila, quando já não têm mais esperança alguma.

Não se pode compreender uma verdade através de esforços. A verdade vem como o ladrão noturno, quando menos se o espera.

As percepções extra-sensoriais durante a meditação ou durante a iluminação, a solução de algum problema, só são possíveis quando não existe mais qualquer tipo de esforço consciente ou subconsciente, quando a mente não se esforça em ser mais do que ela é.

O orgulho também se disfarça de sublime. A mente do orgulhoso esforça-se em ser algo mais do que é. A mente serena como um lago pode experimentar a verdade, porém quando ela quer ser algo mais, entra em tensão, entra em luta, e a experiência da verdade torna-se impossível.

Não devemos confundir a verdade com as opiniões. Muitos opinam que a Verdade é isto ou aquilo, que a Verdade está em tal ou qual livro, que está em tal ou qual crença ou ideologia, etc.

Quem quiser experimentar a Verdade não deve confundir as crenças, idéias, opiniões e teorias com ISSO que é a Verdade.

Temos de experimentar a Verdade de forma direta, prática e real. Isto só é possível na quietude e silêncio da mente. Isto só se consegue através da meditação.

Vivenciar a Verdade é o fundamental. Não será por meio do esforço que conseguiremos experimentar a Verdade. A Verdade não é um resultado. Ela não é o produto do esforço. A Verdade vem a nós mediante a compreensão profunda.

Precisamos de esforço para trabalhar na Grande Obra, esforço para transmutar as energias criadoras, esforço para viver e percorrer o caminho da revolução integral, porém não precisamos de esforço para compreender a Verdade.

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A Revolução da Dialética - V.M. Samael Aun Weor

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